Todos falam que o país vai sair da Covid-19 com mais dívida pública. Trump e resto do mundo vão se endividar. Mas até aonde irá o Brasil?
Com o aumento do gasto público, quando cai a produção e o consumo e, portanto, a receita, haverá endividamento. Será necessário emitir reais, ou títulos do Tesouro no mercado (dívida). Ninguém sabe o tamanho, mas segundo o secretário do Tesouro, vem aí um rombo de mais de 100 bilhões de dólares.
O Brasil deve emitir moeda para financiar a resposta sanitária, a sobrevivência das famílias e o crédito das empresas. Mas no mercado capitalista há um limite para isso.
O prêmio Nobel Joseph Stiglitz, ex economista-chefe do Banco Mundial, explicou: “ampliamos (os EUA) o déficit em 2 trilhões de dólares. Podemos explodir o orçamento sem nos importar. A maioria dos países em desenvolvimento não pode” (OESP 05/04).
“Não pode”, porque só os EUA emitem dólar. Desde o acordo de Bretton-Woods, ao final da 2ª guerra, esta é a moeda universal. Depois de 1971, nem precisa de lastro em ouro. O imperialismo dos EUA pode ditar a lei.
Lula falou endividar-se, com razão. O Brasil terá de emitir reais, por exemplo, para financiar a reconversão da indústria para produzir equipamentos de saúde. Mas para compras no exterior, para esta indústria, outros insumos e o consumo em geral, o país precisa de dólares. Com a crise mundial cairá a receita das exportações quando mais se precisa de dólares.
Há como escapar?
De início, o governo pode dispor dos 370 bilhões de dólares das Reservas que o país tem. E deve instituir o controle de capitais, senão os dólares seriam retirados do país pelos especuladores, e também para garantir o financiamento dos gastos. Será o início de outro governo, com um programa soberano (ruptura com o imperialismo) para a reconstrução econômica e sanitária do país devastado por Temer-Bolsonaro.
Será preciso outras medidas estruturais, como a taxação pesada dos bilionários, das heranças, grandes empresas e multinacionais, e também reestatizações para que o Estado comande a economia. Mas não será este Congresso, será uma Constituinte quem adotará essas medidas.
Pouco a pouco o país vai se erguer, e poderá avançar até a planificação econômica em colaboração com outros povos.
Cínicos, os banqueiros e os patrões que sabem das coisas, agora admitem aumentar um pouco o gasto público. Mas advertem que depois se fará o inevitável “ajuste” no lombo do povo. Por isso, apesar da tragédia humana que ele é, ainda se agarram ao governo Bolsonaro temendo perder o controle depois.
Não tem acordo: Fim do Governo Bolsonaro!
JAL