O governo da Venezuela neutralizou a operação mercenária ocorrida na madrugada do domingo 3 de maio. Lanchas procedentes da Colômbia tentaram entrar no país pela costa de La Guaira, zona marítima mais próxima de Caracas. Oito invasores foram mortos e dois aprisionados – um deles é um reconhecido agente da DEA (departamento de combate ao narcotráfico) dos Estados Unidos.
Na segunda-feira, dia 4, ocorreu outro desembarque nas primeiras horas da manhã no povoado de Chuao, estado de Arágua. Um grupo de oito mercenários a bordo de um barco foi capturado pelos pescadores locais. Entre os detidos, dois estadunidenses vinculados à empresa privada de mercenários Silvercorp, cujo proprietário, Jordan Goudreau, foi membro das forças especiais do Exército dos EUA.
Goudreau liderou equipes de segurança para o presidente Donald Trump e, em fevereiro de 2019, fez a segurança do concerto “Live Aid”, organizado pelo multimilionário britânico Richard Branson, no lado colombiano da fronteira com a Venezuela, para arrecadar fundos de “ajuda humanitária”, por ocasião da tentativa fracassada do autoproclamado Guaidó de entrar no país em caminhões com tal “ajuda”.
Na península de La Guajira, compartilhada pelos dois países, existem, no lado colombiano, três campos de treinamento de desertores da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), que são patrocinados pelo governo de Iván Duque. Foi dali que se planejou a última incursão com a participação de mercenários dos EUA e logística fornecida pelo governo Trump.
Nos Estados Unidos veio a público, através da jornalista opositora Patrícia Poleo, o contrato com a Silvercorp, com as assinaturas de Juan Guaidó, de J.J. Rendón (publicitário venezuelano, assessor do presidente da Colômbia) e Sérgio Vergara (deputado opositor), no montante de 212 milhões e 900 mil dólares.
Essa nova tentativa de agressão imperialista ocorre num momento de aumento da hiperinflação, que corrói os salários já debilitados, ataques à moeda nacional, bloqueio, sanções, escassez de gasolina, queda dos preços do petróleo no mercado mundial, tudo isso em meio ao combate à pandemia do coronavirus, com um país “paralisado” por uma necessária quarentena.
As pressões dos EUA vão continuar
Mike Pompeo, Secretário de Estado do governo Trump, afirmou ter dado instruções à sua equipe para planejar a reabertura da embaixada dos EUA em Caracas, já que a mudança de governo estaria próxima.
Elliot Abrams, assessor de Trump, declarou que o círculo de Maduro estava se reduzindo e que muitos tinham se aproximado para negociar o plano de transição proposto pelo Departamento de Estado.
O presidente Trump assinou uma ordem executiva em 30 de abril para ativar as unidades e membros da reserva para atuarem na operação antinarcóticos centrada no mar do Caribe.
A Venezuela se encontra em situação de assédio e agressão. Já em 20 de abril, havia sido frustrada uma tentativa de roubo de armas por parte de um grupo de militares num destacamento em Los Teques. Na ocasião, Diosdado Cabello, número dois do chavismo e presidente da Assembleia Constituinte, havia afirmado que a tentativa de derrubar o governo Maduro não se deteria depois desse ocorrido: “que ninguém estranhe que a qualquer momento eles insistam”.
Para muitos venezuelanos, Guaidó e seus cúmplices nessa mais recente ação terrorista devem ser presos, pois há suficientes provas de conspiração interna dessa oposição mantida pelo imperialismo em nosso país.
Para o imperialismo e a burguesia entreguista, nenhuma concessão econômica ou política será suficiente até que eles derrubem o governo de Maduro por qualquer via e esmaguem a resistência do povo trabalhador.
Nesta hora gravíssima se faz ainda mais necessária a solidariedade internacional, tal como pediram membros venezuelanos do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI) aos coordenadores do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (ver abaixo), com uma campanha dirigida aos trabalhadores e suas organizações, à juventude e organizações populares de todos os continentes, para que derrotemos as pretensões do imperialismo contra a Venezuela.
Alberto Salcedo, de Maracaibo
Campanha pelo fim das agressões à Venezuela
Em carta dirigida a Luísa Hanune (PT da Argélia) e Dominique Canut (POI França), co-coordenadores do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT), os companheiros Raúl Ordoñez e Nelson Herrera propuseram uma campanha em todos os países contra a agressão imperialista à Venezuela. Trechos abaixo:
“Diante da desumana e grave situação de bloqueios e sanções econômicas impostas pelo governo dos Estados Unidos, contra os povos da Venezuela, Cuba, Irã, Palestina e outros países; em meio aos esforços que se efetuam em todo o mundo para frear o avanço da Covid-19, o imperialismo estadunidense decidiu avançar na agressão e ingerência contra o governo do presidente Nicolás Maduro, realizando uma série de novos ataques e agressões contra nossa pátria.
Hoje, mais do que nunca, necessitamos do ponto de apoio que o CILI representa, para adotar iniciativas em resposta ao desenvolvimento da situação na Venezuela, em que as sanções, as ilegais medidas coercitivas, o cerco econômico, a intimidação com as operações militares na costa venezuelana, almejam o desmembramento de nosso país.
É por isso que propomos uma campanha de tomadas de posição ao CILI: Abaixo os ataques de Trump contra a soberania da Venezuela; Interrupção imediata de todas as operações militares; Supressão das sanções e do cerco económico; os recursos das nações para combater a pandemia.
Fraternalmente,
Raúl Ordoñez, presidente da Federação de Sindicatos Hidrológicas da Venezuela, deputado da Assembleia Nacional Constituinte e Nelson Herrera, presidente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras do Ministério de Habitação e Moradia, deputado da Assembleia Nacional Constituinte.
Enviar tomadas de posições a: Leonardo Caraballo, cbolivarianainfo@gmail.com; Lídice Altuve, licealt@yahoo.com; com cópias para raulordonez20@gmail.com; culturadetrabajo.apn@gmail.com e julioturra@cut.org.br