Medidas na direção contrária àquelas exigida nas urnas.
Em 1º de janeiro, a presidente Dilma no discurso de posse diante de mais de 30 mil representantes da base social que lhe deu a reeleição, afirmou: “…o povo brasileiro tem o direito de dizer como uma orientação para o meu novo mandato: nenhum direito a menos, nenhum passo atrás. Só mais direitos e só o caminho a frente. Esse é meu compromisso sagrado perante vocês.”
Depois de 20 dias da posse é legítimo perguntar: quem ganhou? Os que lutam por direitos ou os que pretendem atacá-los? Os que lutam pela terra ou os que querem proteger o latifúndio? Os que defendem os empregos ou os que propalam o desemprego para combater a inflação? Os votos majoritários foram pelas mudanças a favor do povo como serviços públicos de qualidade ou pelo ajuste fiscal para garantir a retomada do superávit fiscal primário de acordo com o apetite do capital financeiro?
A resposta é óbvia: há um choque entre as expectativas que garantiram um quarto mandato ao PT e a política anunciada pelo governo e enquadrada pelo garoto do capital especulativo, Joaquim Levy. O ministro Levy lançou a palavra de ordem de ajuste para garantir um robusto superávit fiscal primário (R$ 70 bilhões para pagar os juros da dívida aos banqueiros) como pressiona o mercado em benefício dos interesses do imperialismo em crise.
Crise que na Europa representa, a pretexto do combate ao terrorismo, aprofunda uma política de guerra. No Brasil, um quadro de deterioração dos preços das matérias primas exportadas somado à pressão do capital financeiro para garantir as metas do superávit a qualquer custo vem se acentuando há dois anos. Passada a polarizada campanha eleitoral, as medidas vêm em cascata num sentido contrário ao que falava Dilma, enquanto candidata, e mesmo no seu discurso de posse.
Em 30 de dezembro, o governo publicou as Medidas Provisórias 664 e 665 que, a pretexto de corrigir distorções, restringem direitos. Novas medidas como o aumento de impostos são adotadas e outras são anunciadas como a abertura do capital da Caixa Econômica Federal à iniciativa privada e mais cortes no orçamento em detrimento dos servidores e serviços públicos. Essas medidas, voltadas para fazer superávit fiscal primário, são todo o contrário do que representou o esforço da militância petista e dos setores sindicais e populares para derrotar o programa abertamente pró-imperialista do PSDB.
Os patrões assim como as grandes montadoras beneficiadas com desoneração e isenção fiscal chantageiam os trabalhadores como a Volkswagen em São Bernardo do Campo: ou abrem mão de direitos ou então rua!
Ao reeleger Dilma a maioria trabalhadora do país escolheu o melhor terreno para prosseguir sua luta. E, efetivamente, o ano de 2015 começou sob o signo da luta direta da classe. Os metalúrgicos da Volkswagen entraram em greve e impuseram a readmissão dos 800 trabalhadores. A CUT com as demais centrais sindicais chama para o próximo 28 de janeiro um dia nacional de luta em defesa dos direitos o que coloca a exigência da retirada das MPs 664 e 665.
Essa é a disposição da classe: não abrir mão de direitos e empregos, “nenhum passo atrás”. Por isso reelegeram Dilma!
E o que diz o PT? Silêncio!
Com os trabalhadores, o Diálogo e Ação Petista (DAP), que esteve presente na posse, cobrou as mudanças a favor da maioria do povo a começar pela Constituinte do Sistema Político e se dispõe a ajudar a organizar a luta.
A Corrente O Trabalho, engajada nesse compromisso, convida nossos leitores a participarem das próximas reuniões do DAP: um espaço de discussão para “agir como o PT agia” e fazer valer a vontade popular.