Não há uma decisão de instância sobre a candidatura à vice-presidência. Sobre isto, nem mesmo uma discussão foi aberta na direção. Mas, os militantes e as instâncias partidárias tomam conhecimento, pela imprensa, de articulações sobre a vice-presidência, no caso, com Geraldo Alckmin.
Em declarações de dirigentes entre aspas, não desmentidas, e artigos escritos de próprio punho, tentam transformar Alckmin, ainda filiado ao PSDB (não se sabe se vai para o PSB ou PSD, de Kassab com Pacheco presidente), no que ele nunca foi. E não é!
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, torce para que Alckmin “não utilize seu nome para limpar a história do PT”. Mas o que estamos vendo nas nossas hostes é gente tentando limpar a cara e a história de Geraldo Alckmin.
Nossos leitores, os militantes petistas e os eleitores do PT bem o conhecem. Não só em São Paulo, estado que governou por dois mandatos, mas em todo Brasil. E não consta no figurino deste novo Alckmin que estão tentando criar, uma ruptura com a política do PSDB. Privatista, anti direitos trabalhistas, anti soberania nacional, enfim, anti povo trabalhador. Aliás, a política que levou o PSDB, e Alckmin, a fazerem parte do golpe contra Dilma em 2016 e contra Lula e o PT.
Ainda que saia do PSDB, em função de brigas entre facções do partido, e vá para o PSB, partido que abriga posições semelhantes às do PSDB e até bolsonaristas, a coisa não muda de figurino e não muda a figura.
O PSB, que tomou a iniciativa de propor a Federação com o PT, faz esforço para atrair Alckmin e coloca na cesta de negociação outras frutas podres. Por exemplo a exigência de que o PT de São Paulo não tenha candidato ao governo do estado e apoie seu candidato Marcio França, que aliás foi vice-governador de Alckmin. Entre eles, todos se sentem em casa!
Enfraquece o PT e Lula
Ter Alckmin como vice seria ir em sentido contrário do que deve ser feito para que o PT, com Lula, volte a governar o país para reconstruí-lo e transformá-lo.
Lula tem declarado que se voltar ao governo ele quer fazer mais do que fez nos dois mandatos anteriores em favor do povo pobre. E isso passa por desfazer toda a política maléfica, desenvolvida desde o golpe de 2016. Reforma Trabalhista, da Previdência, o teto de gastos, diga-se todas com o apoio do PSDB e boa parte da bancada do PSB.
Por falar em vice, lembremo-nos que antes de arquitetar o golpe, Temer colocou o pé na porta quando, diante das mobilizações de 2013, Dilma apresentou a proposta da Constituinte Exclusiva para reforma política.
Alguém pode esperar que com um vice como Alckmin, cuja cartilha é antagônica aos interesses populares, será diferente quando num eventual governo liderado pelo PT, forem tomadas medidas de fundo que permitam reconstruir e transformar o país?
O zum, zum, zum já está estarrecendo os petistas. Imagina se vira fato! Será ruim pra chuchu. Pois desnorteia e enfraquece a militância, cuja garra, na luta ao lado do povo, foi a principal fonte de resistência que o partido pôde contar para sobreviver às metralhadoras giratórias de que o PT foi alvo, uma das quais empunhadas por Alckmin.
Misa Boito