Alckmin vem aí como vice de Lula?

Leu-se nos jornais da semana que Alckmin se filiará ao PSB e será vice de Lula. Mesmo se, ressalvam, Alckmin hoje esteja sem partido e que só na semana que vem decide uma filiação, conforme tuite do mesmo.

A “rápida” passagem do médico anestesista do PSDB em 16 anos pelo governo do estado de São Paulo, não parece ter mudado esse seu jeito.

Não se sabe se mudou em alguma outra coisa – os PMs armados invadindo as escolas, o arrocho nos professores, as privatizações, o “tremsalão” etc.

O Trabalho tem, portanto, mais motivos para ser contra Alckmin como “vice ou aliado” de Lula presidente, do que já teve para ser contra o grande industrial mineiro José Alencar (PL) de vice, em 2002.

Mas esse assunto ainda não foi discutido no Diretório ou na Executiva Nacional.

Respondendo a algumas perguntas, via redes, explicamos por que o Diálogo e Ação Petista (DAP) não participou da mesa virtual “A Vice de Lula em Debate”, dia 4, cujo card nomeava a Articulação de Esquerda, a Democracia Socialista, Rui Falcão e José Genoíno: e porque o DAP nem foi convidado, um direito dos companheiros.

A partir daí, lemos no jornal Valor (7/4) um relato do evento, não desmentido. Ali, diz que ele “amplificou a insatisfação nos andares de baixo do partido”. Pode ser, não sabemos quantos acorreram ao evento virtual, mas pode ser.

Segundo o jornal econômico, “o ativista Carrapa, de 57 anos, liderança do PT na favela da Vila Kennedy, zona oeste do RJ, questionou a opção pelo ex-tucano ‘do ponto de vista das favelas, estações de trens, metrô, barcas, o Alckmin é um chuchu, não agrega eleitoralmente nada para o Lula, não é ele que vai trazer essa conciliação [na política]’, criticou”. Nós não sabemos se essa opinião é compartilhada por todos organizadores, mas o DAP combateu a “conciliação” nos 13 anos de governo Lula e Dilma, que foi uma das causas da debacle. O DAP não está buscando um vice capaz de “trazer essa conciliação” de volta, pelo contrário, nem Alckmin nem nenhum outro com essa meta!

Ainda segundo o jornal, para “o deputado Rui Falcão, o problema é que o PT enfrentará uma ‘campanha de guerra’, com ‘milícias’, ‘fakenews’, ameaças de não ceder à vitória se ela provir’. E nessa conjuntura de adversidades, teme que impor um ex-adversário como vice de Lula desmobilize a militância”. O DAP compartilha a preocupação com a desmobilização, mas não tem certeza que Alckmin seja o suficiente para desmobilizá-la, como Alencar não foi, e não é por isso que somos contra Alckmin, senão em virtude de incompatibilidade programática para um co-governo com Lula do PT (privatizações, arrocho de servidores, violência da PM etc.).

O artigo do Valor ainda diz que “o secretário-geral do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), argumenta que num cenário de ‘tanta destruição e da ameaça de golpe militar, o esforço do partido é a construção de uma chapa ampla’ para reverter tudo isso”. Ele deve ter sido ouvido pelo jornal como “o outro lado”. O DAP não concorda e o Ministério da Saúde adverte: faltar à verdade não faz bem à saúde; o partido, suas instâncias não decidiram nada disso, mas tem quem o defenda corajosamente, é verdade, sobretudo na grande imprensa.

J.A.L.

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