A pandemia do Covid-19 atingiu os estados e municípios brasileiros já castigados pela política de desmanche dos serviços públicos, em especial nas áreas de urgência. Desde a Emenda Constitucional 95, que congelou gastos públicos por 20 anos, foram retirados, só da Saúde, R$ 30 bilhões em dois anos.
Em São Paulo, os governos tucanos de Dória e Bruno Covas adotaram o isolamento, o que é correto, e por isso bateram boca com Bolsonaro. Mas a política deles quanto aos serviços públicos é a mesma.
Governador e prefeito liberaram R$ 35 bilhões para se fazer hospitais de campanha, no Pacaembu (200 leitos) e no Anhembi (1.800 leitos), mas sua administração será feita pelo hospital Albert Einstein, que vai contratar 2 mil profissionais de saúde para atender os infectados.
Caos na rede pública
Ao mesmo tempo, na rede pública a situação é caótica: faltam servidores, material básico (máscaras, luvas, aventais), testes, com os profissionais submetidos a uma tensão permanente.
O secretário de Saúde da capital, Edson Aparecido, diz que não falta nada, mas o canal aberto pelo Sindsep (sindicato dos municipais) recebe todo dia dezenas de denúncias de falta de materiais, abuso de chefias e contaminação de servidores. Já são 559 servidores da Saúde afastados por contágio ou risco.
No Serviço Funerário, que é público na capital, o desmonte é enorme, pois o plano tucano era privatizá-lo. Dirigentes do Sindsep tem ido aos cemitérios para orientar os sepultadores sobre uso de EPIs e que, caso não existam, se recusem a trabalhar.
Se no estado mais rico, que é São Paulo, a situação é essa, imagine-se nos demais. Está claro que se impõe a ação dos sindicatos na cobrança de medidas concretas das autoridades para proteger os servidores e através deles a própria população.
João B. Gomes