Ataque a direitos trabalhistas convulsiona a França

Organizações sindicais e da juventude se comprometem a manter a luta até a retirada do projeto El Khomri

Em 26 de maio a França viveu a oitava jornada de lutas pela retirada da contrarreforma trabalhista do governo Hollande:projeto de lei El Khomri, do nome da Ministra do Trabalho. Entraram em greve todas as refinarias do país, os grandes portos marítimos e o sistema ferroviário. Em diversos setores, como transportes urbanos e controladores de voos, estão previstas novas greves a partir destes primeiros dias de junho.

A força e a solidez dessa mobilização já preocupam os centros financeiros internacionais pelo seu potencial de “contagiar” trabalhadores de outros países que enfrentam o mesmo tipo de ofensiva.

Na noite do dia 26, as organizações sindicais e da juventude à frente das manifestações aprovaram novo calendário de mobilização, divulgado num comunicado conjunto que afirma:

“A mobilização se amplifica e se enraíza de maneira duradoura, pela retirada do projeto de lei e pela obtenção de novos direitos”.

A mobilização dos assalariados, jovens e desempregados é hoje majoritária. Permanece intacta a unidade das organizações sindicais engajadas na luta, representando uma frente ampla e resoluta.

manifestação nacional

As organizações chamam a continuar e ampliar as mobilizações criando as condições para realizar uma poderosa manifestação nacional dia 14 de junho, em Paris (data em que o projeto deverá ser votado no Senado).

Além da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e da Força Operária (CGT-FO) – centrais sindicais que constituem o eixo da resistência – também assinam o comunicado a Federação Sindical Unitária (FSU, majoritária no setor educação), Solidários-União Sindical e as entidades de jovens UNEF (União Nacional dos Estudantes da França), UNL (União Nacional dos Secundaristas) e FIDL (Federação Independente e Democrática dos Secundaristas).

A determinação dos trabalhadores e jovens pela retirada do projeto abriu uma crise no governo – que se isolou dentro de seu próprio partido “socialista” – e também na oposição, além de ter rechaçado provocações e ameaças contra os sindicatos e as tentativas de atrair as organizações para uma falsa “negociação”, como queria a CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho, central de colaboração de classes que defende a contrarreforma).

É nesse cenário explosivo que militantes políticos e sindicais dos mais diversos horizontes políticos, ao lado de prefeitos e parlamentares municipais, se reunirão, dia 4 de junho, em Paris, na Conferência em Defesa das Conquistas de 1936 e 1945, impulsionada pelo Partido Operário Independente – POI.

Com reuniões em toda a França e inúmeras contribuições publicadas no jornal Informações Operárias (jornal do Partido Operário Independente), a preparação da Conferência inscreveu-se naturalmente nas lutas em curso, abrindo um livre debate sobre os meios para derrotar a ofensiva do governo e abrir a saída política para a situação do país.

Correspondente

Artigo publicado na edição nº 787 do jornal O Trabalho de 2 de junho de 2016.

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