“Lei que exclui Petrobras do Pré-sal é mais sexy que uma festa de Carnaval”

No Boston Globe, o jornalista Kenneth Rapoza anuncia a “venda do século”.

Fonte: Viomundo

7 de junho de 2016

Por mero acaso, um articulista de nome Kenneth Rapoza escreveu o texto. Uma coincidência significativa.

Rapoza trabalhou no Brasil para o Wall Street Journal/Dow Jones entre 2004 e 2010.

Rapoza agora trabalha para a Forbes.

Rapoza reproduz, portanto, o modo de pensar dos grandes executivos do petróleo norte-americanos, que salivam de olho no Pré-sal.

Rapoza, no diário norte-americano Boston Globe, anuncia a venda do século.

É a venda do Pré-sal a interesses estrangeiros.

Rapoza reproduz os mesmos argumentos entreguistas de José Serra, o corretor.

A Petrobras foi quebrada pelo PT. Pouco importa que os delatores mais importantes na Operação Lava Jato digam que o esquema de corrupção na estatal começou no governo Fernando Henrique Cardoso, quando o tucano Delcídio do Amaral ganhou uma diretoria na estatal.

Pouco importa que a crise da Petrobras tenha relação direta com a vertiginosa queda internacional do preço do petróleo.

Pouco importa que a Petrobras seja vítima.

Pouco importa que a estatal brasileira tenha desenvolvido, graças a injeção de dinheiro público, todas as tecnologias de exploração em água profundas que agora pode ceder aos gringos, como uma prestadora de serviços de luxo.

Pouco importa que ao Brasil não interesse necessariamente acelerar o ritmo da produção de petróleo, o que beneficia especialmente os grandes consumidores internacionais de petróleo, Estados Unidos e China, ao pressionar para baixo o preço do barril.

Rapoza identifica com clareza a oportunidade e não tergiversa: “For Big Oil, this law is sexier than a Carnaval party”.

Para Big Oil, as grandes petrolíferas internacionais, “esta lei é mais sexy que uma festa de Carnaval”.

Fica implícito que alguém vai se foder na jogada. Certamente não são a Chevron, a Exxon, a BP e outras.

Rapoza reproduz frase da entrevista do CEO da Shell em 2015: “No momento, esta [o pré-sal] é provavelmente a área mais excitante da indústria do petróleo. Já estamos no Brasil, estamos felizes… mas queremos mais”.

Rapoza prevê que Michel Temer e José Serra, o autor da lei que retira da Petrobras a participação de 30% em todos os campos do Pré-sal, serão capazes de cumprir o compromisso de ampliar a participação de estrangeiros na maior descoberta petrolífera das últimas décadas.

Ele vibra pelo fato de que a Petrobras poderá inclusive vender a participação que já detém em poços de águas profundas.

É o sonho de qualquer comprador. Um campo de petróleo sem qualquer risco: basta abrir a torneira e faturar com a riqueza alheia.

“O petróleo pertence ao Brasil”. Segundo Rapoza, é o que dirão alguns. Ele discorda: “A Petrobras já exporta petróleo. E o governo brasileiro lucra com as exportações”.

Rapoza, obviamente, não entra nos pormenores: se o governo brasileiro poderia lucrar mais ou menos dependendo do ritmo de produção que ditasse no Pré-sal.

Ele também não menciona que o golpe pretende eliminar a obrigatoriedade de conteúdo nacional.

Isso é absolutamente necessário para acelerar a produção a custos mais baixos, que é o que buscam as Sete Irmãs: o compromisso delas é zero com o Brasil e 100% com os acionistas privados.

O Pré-sal, assim, vai repetir o minério de ferro de Carajás: ritmo de exploração ditado de fora, um crime de lesa Pátria segundo o jornalista Lúcio Flávio Pinto.

Graças à lei Kandir, de Fernando Henrique Cardoso, o imposto sobre exportação de produtos não industrializados é zero.

No caso do minério de ferro, o Pará fica com alguns empregos gerados localmente, com o giro do comércio local e com os buracos da destruição ambiental. O grosso do lucro é internacional.

Feito aconteceu com o manganês da serra do Navio.

Para completar a ironia, tivemos no mesmo dia a versão do Raposa em O Globo: o diário brasileiro publicou de forma entusiasmada que a Petrobras corre o risco de perder uma ação de U$ 10 bilhões para investidores dos Estados Unidos, por conta da Operação Lava Jato.

Nem Rapoza, nem os irmãos Marinho, destacam que a estatal brasileira foi vítima de um esquema de corrupção, que começou no governo FHC e terminou agora.

As perdas dos acionistas da Petrobras são quase que exclusivamente atribuídas à corrupção, não à vertiginosa queda do preço internacional do petróleo.

Rapoza e O Globo parecem sintonizados na mesma missão: convencer os brasileiros de que o Pré-sal é um fardo tão pesado que seria melhor se livrar dele entregando às multinacionais.

O objetivo de fundo do golpe sempre foi este: conquistar o Pré-sal.

Rapoza e O Globo cantam vitória de forma entusiasmada.

 

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