Beto Richa incentiva violência contra secundaristas no Paraná; ocupações resistem

Mais de 850 escolas estaduais paranaenses estão ocupadas pelos secundaristas, num protesto vigoroso contra a MP 746 (que estrangula o ensino médio) e a PEC 241 (que congela os gastos públicos por 20 anos), luta que se expressa no “Fora Temer! ”, que tomou conta de todas as manifestações.

Depois de quase um mês, o movimento mostra, além da disposição de luta dos estudantes, um forte sentimento de união, combinado quase sempre com a solidariedade dos pais e da comunidade.

Incapaz de resolver a situação, sem qualquer legitimidade política para negociar com os estudantes, o governador Beto Richa (PSDB) optou pelo ru secundaristas não sabiam o que queriam (como se fosse possível manter um movimento de ocupação dessa dimensão sem compreensão dos objetivos), Richa passou a estimular a ação de grupos radicais de direita, como o MBL, contra os estudantes.

No Colégio Estadual do Paraná, o mais tradicional do estado, o MBL tentou entrar, provocar tumulto e inclusive molestar sexualmente uma aluna. Foram corridos pelos estudantes.

A partir do dia 24, o MBL começou a entrar nas escolas, quebrando as grades e praticando violências contra os estudantes. No mesmo dia, um garoto de 16 anos foi encontrado morto em uma das escolas ocupadas de Curitiba. O fato, certamente sem nenhuma ligação com a ocupação, passou a ser explorado de forma sensacionalista pelo governo, para amedrontar os pais.

Resistência

Em Araucária, região metropolitana de Curitiba, 10 das 17 escolas estaduais estão ocupadas. Lá também há intimidação e tentativas de pôr fim ao movimento, mas os estudantes resistem. Por iniciativa da Juventude Revolução, formou-se um comando unificado das ocupações.

A., do colégio Fazenda Velha, na periferia da cidade, conta que os pais participam das oficinas e ajudam fazendo as refeições. A comunidade é solidária: “Passamos de casa em casa e voltamos com duas caixas cheias de alimentos e produtos de limpeza”.

No colégio Cleide Lemin Lopes, os alunos promoveram uma assembleia com os pais e professores, para explicar os motivos da ocupação.

No momento de fechamento desta edição, quarta-feira, estava marcada uma assembleia para decidir os rumos das ocupações. Contra a pressão do governo e também contra a política da UJS, braço do PCdoB, que joga contra as ocupações, os estudantes prometem resistir. Para A., a única saída é continuar a luta.

C., do colégio Professora Algavira Bittencourt Pinto, concorda: “Vai ser uma luta dura e longa até alcançarmos nosso objetivo, mas estamos dispostos a resistir e manter a ocupação”.

Artigo originalmente publicado na edição nº 797 do jornal O TRABALHO de 27 de outubro de 2016.

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