Sem vacina e testes em massa, o país tornou-se epicentro da pandemia e bate recordes em contágio e óbitos.
Enquanto o vírus dava seus primeiros passos, o governo Bolsonaro tratava a Covid-19 como uma gripezinha qualquer e aprofundava os ataques aos Institutos de Pesquisa e Universidades, impedindo que respondessem positivamente e encontrassem a vacina para o vírus que já mostrava seu poder arrasador para os povos.
Ao invés de propor o fim do teto de gasto para a saúde e colocar dinheiro para a pesquisa, Bolsonaro incentivou o Exército a produzir a Cloroquina, que se mostrou ineficaz no combate à Covid-19.
Instituições como Butantã, Fiocruz, Adolfo Lutz e outras do país patinam sem verbas.
Descontrole total
Como consequência dessa política de cortes de investimentos para as instituições públicas de pesquisa e a ausência de uma política de proteção interna para a produção de insumos farmacêuticos, o Brasil produz hoje, de acordo com a Abiquifi (Associação Brasileira da Industria de Insumos Farmacêuticos), somente 5% dos insumos consumidos, o que nos torna totalmente dependentes do IFA – Ingrediente Farmacêutico Ativo – para a produção das vacinas.
Sem pesquisa, sem vacina e teste para todos, o país assiste um descontrole total da pandemia, e o avanço da doença nos jovens, crianças e matando como nunca. E o SUS, responsável pelo atendimento de 80% da população brasileira, tem seus leitos hospitalares e de UTIs lotados e filas aguardando leito. De acordo com a Fiocruz, ao menos 72.264 pessoas morreram sem ter acesso a um leito de UTI, mesmo estando hospitalizado.
Os números são assustadores: mais de 11.500.000 infectados, mais de 2000 mortos por dia e mais de 282* mil mortos, desde o início da pandemia.
O povo morrendo, e os governos jogando para a torcida.
Foi o que fez o Governador de São Paulo, anunciando o seu 24º plano para a contenção da pandemia no estado.
Essas medidas restritivas ajudam o combate na propagação do vírus, e consequentemente na diminuição das mortes e nas internações, mas precisam ser complementadas com vacinas para todos, testes em massa e ajuda emergencial para que as pessoas possam ficar em casa e não serem obrigadas a saírem em busca do sustento de suas famílias.
Os testes continuam apodrecendo nos galpões do Aeroporto de Guarulhos e as vacinas, importadas a preço de ouro, chegam a conta gotas e as produzidas aqui insuficientes, imunizando somente 1 em cada 3 pessoas que integram os grupos de riscos. Nesse ritmo, vamos conseguir imunizar a maioria da população em 2022. E até lá, o povo trabalhador sem a ajuda emergencial, ou a mísera ajuda como promete agora o governo, vai ter que escolher entre morrer de fome ou de Covid-19.
No Ministério da Saúde, sai o desastrado general e Bolsonaro nomeia o 4º ministro. Como diz o povo da roça, “não adianta trocar as rodas da carroça, se o problema está no burro”.
Osvaldo Martinez D’ Andrade
*artigo publicado originalmente em 18 de março, na edição 881 de O Trabalho