Chile: pandemia, luta e eleições constituintes

Novos protestos contra o governo às vésperas da escolha dos deputados

Os chilenos irão às urnas para eleger os deputados à Convenção Constitucional, uma conquista das mobilizações que atravessaram o Chile a partir de outubro de 2019 (“el estallido”), com o mandato de definir nova Constituição, enterrando a herdada de Pinochet. Às vésperas da eleição, adiada de 11 de abril, para 15 e 16 de maio, em função do recrudescimento da pandemia, protestos e manifestações reafirmam a profunda rejeição ao governo Piñera. Um presidente que enquanto enriquece, (durante a pandemia aumentou sua fortuna em 2,9 bilhões de dólares), joga o povo num brutal empobrecimento.

Sem ajuda do governo, o povo se vê obrigado a “sacar contra o futuro”, retirando parcelas de seus fundos de aposentadoria, num país onde a ditadura acabou com a Previdência Pública, instituindo os fundos de pensão privados que são administrados pelas AFPs.

Duas retiradas já foram feitas. Agora tramita no Congresso um projeto para permitir a terceira. Após a aprovação pela Comissão de Constituição do Senado, Piñera entrou com ação no Tribunal Constitucional (TC) para impedir que o projeto seja aprovado pelo plenário do Congresso.

Protestos e paralisação.
O ambiente estava quente devido ao descontentamento da população por não ter acesso aos bônus oferecidos pelo governo em função dos requisitos exigidos e havia apreensão de que o governo criasse obstáculo à retirada dos fundos.

Assim que foi noticiada a ação do governo, começaram panelaços em todo o pais e foram programadas ações em vários locais. No começo da noite foram registrados enfrentamentos com a polícia e numerosas barricadas.

A União Portuária do Chile anunciou uma paralisação a partir de 21 de abril, em uma declaração que afirma: “Recorrer ao TC é um ato de prepotência que soma-se ao abandono por parte do governo de milhões de chilenos que tiveram que recorrer às suas aposentadorias futuras para lidar com a pandemia. (…) Manifestamos novamente nosso rechaço ao Tribunal Constitucional: esta instituição, no contexto da Constituinte, deve ser eliminada, pois foi ocupada exclusivamente com fins políticos, sempre contra o povo.

Seguimos em luta para terminar com as AFPs e transitar para um modelo de solidário e tripartite. Anunciamos a paralisação efetiva para forçar o governo a retirar a ação ao TC.

Enquanto o povo passa fome e os ricos ficam mais ricos, nós trabalhadores portuários colocamos nossa capacidade estratégica a serviço do povo.”

Correspondente

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