Trechos do artigo de José Arnulfo Bayona, da Rede Socialista da Colômbia
Nestes dez meses de governo de Gustavo Petro, o partido Centro Democrático (de Uribe) e seus aliados (…) junto com as grandes empresas nacionais e estrangeiras, seus canais de rádio, televisão e imprensa escrita, protagonistas da linha de frente dos regimes autoritários, genocidas e mafiosos, que governam e saqueiam o país há décadas, avançam na consolidação de uma aliança para exercer oposição, a qualquer preço, à alternativa política que os derrotou em uma luta democrática legítima.
Eles colocaram em prática um plano cuidadosamente elaborado para bloquear, desacreditar, rebaixar, sabotar e inviabilizar a tarefa de governar, do presidente. Plano que inclui guerra de mídia, aniquilação moral, calúnia e campanha de ódio, lawfare (guerra judicial), simulação de conciliação e quebra pública de acordos na tarefa legislativa, enfim, todos os tipos de artimanhas contempladas na guerra suja declarada contra o presidente, o vice-presidente e sua equipe de governo, com a intenção não tão oculta de minar o apoio popular.
Tanto as ações já realizadas como as que serão realizadas no futuro imediato fazem parte e indicam a implementação de um golpe de estado em câmera lenta (…) Este é o tipo de golpe praticado, com assessoria do Departamento de Estado dos Estados Unidos, pela direita neoliberal e neoconservadora nos países latino-americanos neste século.
Na mobilização de 7 de junho, convocada pelo presidente e apoiada pelo movimento sindical e popular, para apoiar sua gestão e seus projetos de reforma social, em seu discurso, da Praça de Bolívar, Petro denunciou que se preparava um “golpe brando”, declarou que não estava sozinho e pediu às pessoas que o apoiaram nas urnas que fiquem em alerta.
Não há um dia designado para as Forças Armadas assaltarem o palácio do governo, derrubarem o Presidente, fecharem o Congresso e imporem uma ditadura civil ou militar (…) como as ocorridas no século XX.
O que está em curso é um plano criterioso para a tomada do poder no momento que bem entenderem que, se se consolidasse, contra o presidente Petro, seria a continuidade da nova modalidade de golpes contra lideranças de esquerda ou progressistas em diferentes países latino-americanos (1).
O roteiro seguido à risca
Os chefes corruptos dos partidos políticos decadentes do establishment colombiano liderados pelo pai do neoliberalismo na Colômbia, César Gaviria, estão executando uma estratégia para tentar minar as reformas sociais apresentadas ao Congresso pelo governo progressista de Gustavo Petro.
A aliança majoritária dos partidos de extrema direita e de direita no Congresso colombiano (…) seguiu à risca o padrão executado nos golpes de fato levados a cabo; eles sabotaram os projetos de lei da reforma trabalhista e do uso adulto da maconha e deixaram os projetos de reforma da saúde e da previdência em terapia intensiva. Além disso, desencadearam uma intensa guerra midiática, por meio da ampla divulgação de notícias falsas sobre fechamento de empresas, demissões em massa, falências de MPMEs, como consequência do projeto de reforma trabalhista, para semear o pânico na classe trabalhadora, dispararam alarmes sobre a encerramento imediato dos atuais contratos de exploração de petróleo.
Acusaram o governo de querer impor o modelo cubano de saúde e de destruir hospitais e clínicas privadas, culparam Petro de querer expropriar os donos de terras, de ser o dono de milhões encontrados em maletas roubadas da chefe de gabinete da presidência e de ordenar o assassinato do Coronel Óscar Dávila, designado para a segurança da Presidência da República.
Pela boca do embaixador na Venezuela, Armando Benedetti, o acusam de ter permitido a entrada de US$ 15 bilhões do narcotráfico em sua campanha presidencial.
Eles caluniaram a vice-presidente Francia Márquez pela suposta compra de uma mansão de $5 bilhões, da família da senadora Maria Fernanda Cabal. Eles a acusaram de esbanjar o orçamento porque ela viajou em um helicóptero militar de Cali para a vila onde sua família mora em Cauca, após uma tentativa frustrada de assassiná-la. Desqualificaram sua missão diplomática nocontinente africano. Todas essas ações, acompanhadas de campanha sistemática de ódio racista na mídia.
O Controlador-Geral da República, o Procurador-Geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, tornaram-se membros da oposição e usam os seus altos cargos para desrespeitar e insultar o Presidente. E, ainda por cima, seus inimigos apresentaram denúncias ao Comitê de Acusações da Câmara, por suposto financiamento ilegal de campanha (lawfare). Tudo acompanhado pela guerra declarada pelos meios de comunicação de massa a critério dos interesses dos poderosos sindicatos econômicos, seu modelo neoliberal e seus partidos.
(…) O atual avanço golpista só pode ser derrotado com denúncia nacional e internacional, auto-organização e mobilização popular nas cidades, vilas e aldeias.
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1 No artigo completo o autor cita os casos de Zelaya em Honduras, em 2009, Fernando Lugo Paraguai em 2012, Dilma Rousseff no Brasil em 2016 e Evo Morales, na Bolívia, além de mais recentemente Pedro Castillo, em 2022, no Peru.