Começo de governo, começo de cobrança

Mais de dois meses depois do 8 de janeiro, as investigações ainda não pegaram nenhum graúdo. Os julgamentos, é verdade, serão realizados pelo STF e não pelo anômalo Tribunal Superior Militar. Até aqui, no entanto, nenhum general foi convocado a depor na justiça, a conspiração não foi desvelada, mesmo se abundam os elementos que demonstram a participação do alto escalão das forças armadas na invasão dos três poderes, especialmente no Palácio do Planalto (pág. 10).

O escândalo das joias envolve cada vez mais Bolsonaro, que merece ser investigado e punido por estes e muitos outros crimes. Mas é preciso focar também nos generais, cuja tutela é o nó do problema institucional (pág. 4).

Reagindo positivamente ao golpismo do 8 de janeiro, Lula acelerou, ainda que parcialmente, o atendimento de alguns compromissos de campanha. Concedeu o reajuste do piso nacional dos professores em 15%, que agora precisa ser aplicado em todas as carreiras por prefeitos e governadores, como reivindica a CNTE (pág. 7). Anunciou o reajuste do salário mínimo acima da inflação, assim como dos servidores federais em 9%, que ainda precisam recuperar as perdas acumuladas no ano anterior (Pág. 6). Lula atualizou a tabela do Imposto de Renda, reajustou o valor das Bolsas de pesquisas e das merendas.

Por fim, anunciou uma série de medidas e projetos de leis voltados ao atendimento das reivindicações das mulheres, com destaque para a lei do trabalho igual, salário igual (pág. 5). É por aí que o governo pode consolidar a base social que pode sustentar medidas de transformações de fundo que o país necessita para superar a situação que leva 70 milhões de inadimplentes a empregos cada vez mais precários e sub-remunerados. As denúncias e resgates de trabalho escravo que se multiplicam são um retrato da situação das classes oprimidas deste país e do desmonte do estado. Não há fiscais suficientes e as empresas descumprem as leis trabalhistas (pág. 8).

Enquanto gira a roda da miséria e da exploração do povo brasileiro, o reacionário congresso quer manter tudo como está. Repercutindo a pressão do mercado, pressiona o governo Lula que, na campanha, se comprometeu a acabar com o teto de gastos, a criar um novo teto. Uma nova “âncora fiscal” que, com a exorbitante taxa de juros decididas pelo Banco Central (que Lula está certo ao criticar), tiram recursos do povo brasileiro para o pagamento de juros da dívida.

Durante os quatro anos do governo Bolsonaro, e desde antes com o golpista Temer, o governo e o congresso comandado por Liras e Pachecos avançaram sobre os direitos do povo. Atacaram a previdência, atacaram a regulamentação do trabalho e atacaram o conjunto dos estudantes nas escolas e universidades. Privatizaram o patrimônio público, não sem o auxílio ativo ou tácito das atuais instituições.

É contra essa máquina infernal das podres instituições brasileiras e pelo atendimento das demandas depositadas nas urnas que deram a vitória a Lula que começam manifestações dos estudantes pela revogação da reforma do ensino médio (Pág. 2), as quais devem se somar professores de todo o país com o dia de greve convocado para 26 de abril. É também o que exigem os eletricitários que estão em campanha para reestatizar a Eletrobrás (pág. 6). Essas e outras lutas terão o apoio ativo do Diálogo e Ação Petista – para que o governo Lula possa atender os anseios do povo que o elegeu.

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