Comunicado do Partido Operário Independente (POI) sobre os acontecimentos na França

Comunicado N° 3 de discussão e de preparação do V Congresso do Partido Operário Independente (POI) – Aberto e dos Congressos Departamentais Abertos

Aos aderentes do POI, aos simpatizantes e aos leitores de “Informations ouvrières” (Informações operárias)
A nossa posição:

Há três dias uma vaga de emoção sem precedentes fez erguerem-se milhões dos nossos concidadãos expressando a sua angústia perante o ignóbil atentado que atingiu o semanário Charlie Hebdo.

Angústia perante este ataque contra a liberdade de imprensa – pilar das liberdades e da democracia. Angústia de que seja suscitado o “comunitarismo”, a fim de desmantelar a democracia e a República laica. Angústia de ver transposta para o nosso país a guerra perpetrada pela coalizão – de que são membros a França e todos os países europeus – sob a direção de Obama.

Esta angústia alimenta-se daquela gerada pelo desemprego, pela miséria, pela destruição dos direitos e das garantias, medidas tomadas pelos governos que obedecem ao FMI e à União Europeia.

Desde o anúncio dos primeiros atentados, o Partido Operário Independente (POI) deu a conhecer a sua mais firme condenação.

Durante os dia seguintes, seus aderentes, junto com milhões de trabalhadores e de jovens, participaram de todas as formas, desse movimento espontâneo de angústia e indignação.

E o POI coloca a questão:

Pode ser dado um primeiro passo no sentido de uma solução conforme à aspiração de paz e democracia numa manifestação encabeçada por François Hollande (presidente da França), Angela Merkel (primeira-ministra da Alemanha), Mariano Rajoy e David Cameron (primeiros ministros da Espanha e Inglaterra respectivamente), Matteo Renzi, Juncker (presidente da Comissão Europeia), o ministro da Justiça de Obama e até o Secretário-Geral da OTAN?

Quem pode acreditar que aqueles que constituem a coligação que semeia a guerra e a desolação na Síria, no Iraque, no Mali, na Líbia, na República Centro-Africana, entre outras, sob o comando de Obama, possam estar habilitados para encabeçar e representar a aspiração pela paz?

Quem pode acreditar que aqueles que impõem a austeridade, o desemprego e a desregulamentação em todos os países da Europa sob a égide da União Europeia possam estar habilitados para responder à aspiração à justiça social e à defesa dos direitos?

Para o Partido Operário Independente é combatendo sobre o seu terreno de classe e sobre as suas reivindicações  e preservando a sua independência que o movimento operário sempre deu, dá atualmente e dará no futuro uma contribuição fundamental à luta pela democracia e pela paz.

É sobre este terreno que agimos e continuaremos a agir.

Ajudar a nossa classe unir-se na defesa dos seus interesses e defender-se como classe dos oprimidos e dos explorados. Essa se  constitui na contribuição mais decisiva para o combate de defesa e de reconquista da paz e da democracia.

A luta pela paz e a democracia é inseparável da ajuda ao combate contra a política do governo de Hollande-Valls. Governo que, apenas neste mês de Janeiro, põe em prática o “Pacto de responsabilidade” (com 41 bilhões de euros de isenções para os patrões e 50 Bilhões de euros de cortes nos serviços públicos) e a lei Macron – que coloca em causa todos os direitos.

É por isso que estamos a construir um autêntico partido operário independente – instrumento para ajudar a classe operária a agir e a combater sobre o terreno da luta de classe  pelo socialismo, pela República e pela democracia.

Os trabalhadores têm necessidade de agrupar-se politicamente e com toda a independência. Têm necessidade de um partido deles, independente da União Europeia e de todos os governos, independente da classe capitalista.

É sobre este terreno que estamos a preparar o nosso V Congresso (aberto) bem como os congressos departamentais abertos a todos os trabalhadores e militantes que se interrogam sobre a gravidade da situação e os meios para bloquear a deriva que se desenha.

O Conselho Federal Nacional do POI mandata o seu Secretariado permanente para se exprimir de acordo com os desenvolvimentos da situação através de comunicados de discussão e de preparação do Congresso aberto.

Adotado à unanimidade pelo Conselho Federal Nacional do Partido Operário Independente
Sábado, 10 de Janeiro de 2015 – 18 horas

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