Congresso da UNE aprova mobilização por R$ 2,5 bilhões para Assistência Estudantil

Ocorreu, entre os dias 14 e 16 de julho, em Brasília, o 59° Congresso da União Nacional dos Estudantes. O evento reuniu mais de 7 mil estudantes de todos os cantos do Brasil. Um dos momentos marcantes da atividade foi o ato com o presidente Lula no estádio Nilson Nelson. O Ministro da Educação, Camilo Santana, esteve presente e foi vaiado em uníssono por milhares de estudantes que gritavam “Revoga, Revoga, Revoga”. Ele teve dificuldade de prosseguir sua fala tamanho o barulho do protesto estudantil. Durante o ato, a UNE entregou uma “Carta dos estudantes” à Lula que conclui com um conjunto de reivindicações da entidade ao presidente, dentre elas, a revogação do Novo Ensino Médio, ampliação da assistência estudantil e recomposição de verbas para as universidades. 

Avaliação dos estudantes
Na avaliação de Leo Rondon, diretor do DCE – UFMT, membro da tese “UNE é pra Lutar” o CONUNE foi fundamental para o movimento estudantil universitário, pois ele “era necessário para reoxigenar a luta estudantil no país, porém considero que houve um esvaziamento no congresso, debates importantes foram prejudicados pela falta de organização estrutural básica, como alimentação e transporte entre alojamento e o local das atividades.”

Glenda, estudante eleita como delegada pela tese “UNE é pra Lutar” da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), diz que participou pela primeira vez do Congresso e sentiu a importância do movimento estudantil.  Ela conta que, como representante da UNEAL, fez “debates importantes que trataram sobre a assistência e permanência estudantil e, não menos importante, a lei de cotas. (…) Além disso, os alunos não usufruem de uma real política de assistência e permanência dentro da instituição, posto que não temos Restaurante Universitário e um dos poucos programas que a universidade possui, nomeado “Programa Alimenta”, não teve seu edital de 2023 lançado, mesmo com a aprovação do governo do estado no ano anterior, dificultando que os estudantes consigam arcar com despesas alimentícias e de transporte.”

Débora, estudante da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) avalia que “a tese UNE é pra Lutar abordou pontos cruciais sobre os impasses que os estudantes enfrentam acerca do acesso à assistência estudantil e a permanência no âmbito universitário, salientando a necessidade de ampliação dos programas estudantis e a necessidade de mais investimentos na educação.” 

Leo ainda avaliou que a atuação da “UNE é pra Lutar” “deu uma importante contribuição nesse congresso. A pauta de unidade gira em torno de uma política de assistência estudantil do tamanho das necessidades que existem em nossas universidades, por isso 2,5bi para o PNAES. Além disso, o combate para reposicionar a luta de rua pela reivindicação da revogação do Novo Ensino Médio pra já em agosto, junto com os demais setores do movimento educacional.” 

Omar, estudante do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) opina: “ao que tudo indica voltaremos às reivindicações das pautas do movimento estudantil que esfriaram com a eleição do novo governo por causa do medo de dar força a oposição, mas parece que entendemos que não estamos atacando o governo Lula, mas sim buscando o que vemos ser a melhor coisa para o estudante e para o trabalhador.”

“Retorno para a universidade com a sensação de dever cumprido e gratidão por conseguir exercer fielmente o papel que foi confiado pelos estudantes desde a inscrição da chapa até a eleição, mas também com a noção de que ainda temos um longo caminho de luta para conquistar os direitos que ainda não foram assegurados”, Glenda refletiu sobre o balanço de seu mandato no CONUNE. 

Resoluções e nova diretoria da UNE
O CONUNE aprovou, além de uma moção pela acessibilidade nas universidades, por proposta da “UNE é pra Lutar”, uma semana de “luta pelas reivindicações dos estudantes” entre 7 e 11 de agosto que incluem as manifestações convocadas pela CNTE dia 9 de agosto em Brasília pela revogação do NEM e dia 11 por mais verbas para assistência estudantil e recomposição do orçamento da educação. A tese compôs a chapa 7 (composta pela UJS, Paratodos, Levante e outros) para diretoria da UNE que obteve 4.716 votos de um total de 6.190. A segunda mais votada foi a chapa 6 (composto por Correnteza, Juntos e outros) com 882. Leo Rondon, da UFMT, foi indicado pela tese para, como seu representante, compor a próxima diretoria da UNE que deve ser nomeada no dia 7 de agosto.


Federação de estudantes de Direito é contra a guerra na Ucrânia

A Federação Nacional de Estudantes de Direito se reuniu durante o 59° CONUNE e aprovou, por proposta de Matheus (da UFMT) e Vitória (da UnB), uma moção contra a guerra na Ucrânia. A moção afirma: “Jovens como nós estão sendo enviados para matar e morrer na guerra que se desenvolve na Europa faz mais de 1 ano. (…) Os povos de todo o mundo devem se manifestar pelo cessar-fogo imediato, pelo fim da guerra. A guerra de Putin, Otan e Zelensky não é nossa guerra. Não estamos em guerra nem com o povo russo nem com o povo ucraniano. Queremos que os jovens russos e ucranianos, que estão morrendo aos milhares nas trincheiras, tenham o direito à paz e a um futuro! O presidente Lula tem razão ao afirmar: ‘a primeira coisa é terminar a guerra (…)’”.

Matheus conta que, na defesa da moção, ele ressaltou que “a guerra não faz nenhum sentido para o povo trabalhador e para juventude. Colocar jovens para matar outros jovens por interesses econômicos de mercado que não dizem respeito a eles e nem ao povo.” A moção foi aprovada por unanimidade.

A moção também foi apresentada ao CONUNE, mas não conseguiu ser aprovada, pois, na UNE, moções só são aprovados por consenso de todos os grupos na comissão de sistematização. A UJS e outros grupos se opuseram à sua aprovação. Omar, estudante do IFSC lamentou, “infelizmente não conseguimos adesão suficiente na moção de ‘Não à Guerra na Ucrânia’ no CONUNE.”

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