Dallagnol anima convocação de atos bolsonaristas

O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, com a desculpa de fazer um balanço de seis anos da operação, agitou a convocação dos atos bolsonaristas do dia 15. Ao conceder entrevista coletiva, cinco dias antes, lamentou “decisões e posições do Parlamento e do Supremo Tribunal Federal que acabam resultando em dificuldades do exercício do nosso trabalho”.

Como se sabe, o mote oficial das manifestações era contra o STF e o Congresso Nacional. Dallagnol listou as “dificuldades”: remessa de investigações sobre crimes eleitorais para a Justiça Eleitoral; determinação de que réus apresentem alegações finais depois de ouvir acusações trazidas por réus delatores; impedimento de prisão de condenados sem que todos os recursos tenham sido esgotados. Medidas democráticas, ainda que limitadas, que a Lava Jato não aceita.

As reportagens da série #VazaJato comprovaram que, por trás da operação, há um grupo político, coordenado por Sergio Moro, que atuou de forma ilegal para condenar Lula sem provas. Assim, retirou-o da disputa presidencial, na qual seria provavelmente eleito em primeiro turno.

Ficou evidente também a subordinação desse grupo aos interesses do imperialismo. Nas mais recentes matérias, publicadas por The Intercept Brasil e Agência Pública, as conversas entre os procuradores escancaram uma colaboração secreta com o Departamento de Justiça (DoJ) dos Estados Unidos.

Submissão ao DoJ
Qualquer investigação de autoridades estrangeiras em território brasileiro tem de passar pela intermediação do Ministério da Justiça. A Lava Jato tramou com integrantes do DoJ a vinda de uma delegação dos EUA, em 2015, sem respeitar isso. Na época, a companheira Dilma Rousseff ainda estava na Presidência. Os estadunidenses interrogaram brasileiros, no Brasil, sem que a autorização tenha sido dada oficialmente.

Os procuradores demonstram submissão aos estrangeiros. “Americanos não querem que divulguemos as coisas”, afirmou Dallagnol, em conversa com um assessor. Tudo teria de ficar em segredo.

As conversas mostram ainda que a Lava Jato trabalhava para que os EUA impusessem uma multa bilionária à Petrobras, para terem acesso a uma parcela do dinheiro. Os procuradores queriam criar uma fundação, com R$ 2,5 bilhões provenientes dessa multa. Diante da repercussão negativa, a fundação não prosperou.

A defesa do Lula já havia denunciado a colaboração ilegal. Há dois anos, em março de 2018, durante julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, apresentou provas que deveriam levar à anulação do processo.

Um vídeo divulgado pela defesa mostrava declarações de participantes de um evento, ocorrido em 2017, que discutiu as “lições” do Brasil na luta contra a corrupção. Entre os palestrantes, estava Kenneth Blanco, dirigente do DoJ. Ele não se incomodou em dar detalhes da “cooperação informal” com a Lava Jato. Destacando a condenação de Lula, disse que o DoJ ajudou na coleta de provas e na preparação do caso.

Está mais do que provado: as condenações de Lula têm de ser anuladas!

Cláudio Soares

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