Desbolsonarização urgente, “sem anistia!”

Luz amarela depois da posse de Lula

A vitória do povo trabalhador, confirmada na posse, veio sendo contestada, de forma violenta nas estradas e na invasão fascista dos palácios, mas também de forma sibilina pelo capital financeiro exigindo austeridade. Os seus analistas agora temem que o golpismo empurre Lula para a pauta popular e adie o “ajuste”.

Mas o povo quanto mais pode esperar? O salário mínimo está em R$ 1302, pendente até maio da promessa de R$1320. Lula, lembremos, lançou-se candidato na porta da Volkswagen prometendo subir o piso do IRPF para R$ 5000, o que foi adiado, condicionado à reforma tributária. Há 9 milhões de desempregados num total de 23,5 milhões de subutilizados – é urgente investimento público e crédito para criar empregos, em especial na indústria.

Há um conjunto de demandas reprimidas que não cabem na “PEC da transição” porque se preserva o serviço da dívida interna que come 30% do Orçamento de 2023. É onde a roda trava. Será preciso taxar os bilionários, os lucros e dividendos das grandes empresas, além de recuperar o Fundo Social do Pré-Sal (ver pág. 9). 

Mas libertar o Orçamento não é o programa dos golpistas, nem tampouco o do capital financeiro. Neste sentido, ambos acabam se “comunicando” num jogo de agressão e chantagem sobre o governo. O presidente do Banco Central, “autônomo” e tão sensível ao mercado, demorou 12 dias para condenar o 8 de janeiro…

Hoje, se impõe um crédito para o governo surpreendido pela ação golpista como a nação – bem verdade que uns mais e outros menos – acerte o passo. Em nossa opinião, acelerando medidas populares, como a do piso do professores (ver pag. 4), para construir uma sólida base e cortar o golpismo pela raiz.

Aflorou a discussão do papel das Forças Armadas. O próprio Lula “perdeu a confiança nos militares”. A justa demissão do comandante do Exército que ele – e não Bolsonaro – nomeou, mostra o problema estrutural. É significativo que surja na imprensa a questão da reforma militar, dos currículos ao famigerado artigo 142 (Garantia de Lei e Ordem). Uma reforma que, ao fim e ao cabo, como outras reformas populares, necessita de uma representação constituinte soberana apoiada na força do povo (ver pág. 7).

Nesse sentido, o 8 de janeiro acendeu uma luz amarela. 

Sob o lema adotado de “União e Reconstrução”, na posse, Lula leu a sua fala no Parlatório. “Olhar para a frente e esquecer nossas diferenças”, disse, e também “reagir a quaisquer ataques de extremistas que queiram destruir a nossa democracia” (ver pág 5). Mas mais razão teve a massa presente que irrompeu aos gritos de “sem anistia! sem anistia!”, uma consigna que “viralizou” depois (ver pág 6).

Foi uma intervenção de massa premonitória, inscrita na história profunda que ela vive. Traz um amadurecimento, um aprendizado independente da experiência vivida. 

Não estamos em 2003, Lula precisará das massas face aos obstáculos, como nunca antes.

Veremos com quem contará efetivamente para as medidas necessárias, no ministério e no Congresso que toma posse dia 1º de fevereiro, na maioria reacionários, negocistas e chantagistas do “mercado”.

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