Luísa Hanune, secretária geral do Partido dos Trabalhadores da Argélia e Dominique Canut da direção do Partido Operário Independente da França, enviaram uma carta, em nome do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AcIT), do qual ambos são coordenadores.
A carta se dirige em especial aos que participaram, em novembro de 2019, da reunião do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (Cili), em Paris. Este Comitê foi constituído em dezembro de 2017, na Conferência Mundial Aberta contra a guerrra e a exploração, realizada em Argel, capital da Argélia.
Na reunião de novembro em Paris com a participação de delegações de 55 países, estiveram presentes Julio Turra (da CUT) e Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), membros do Cili no Brasil.
A declaração ali adotada, antes do surgimento da pandemia afirmava: “Diante dessa marcha à barbárie que o capitalismo provoca, uma vaga revolucionária se levanta – de Argel a Santiago do Chile, passando por Beirute, Hong Kong, Bagdad, Cartum, Porto Príncipe e Barcelona – exigindo que sejam expulsos do poder os regimes submissos ao capital”.
A pandemia interrompeu aqueles processos que semanalmente, ou mesmo quase diariamente, levava milhões às ruas em diversos países. As razões pelas quais se levantavam só se aprofundam e se aceleram com a pandemia. “Neste momento em que milhões de pessoas tomam consciência de que o que está em jogo é a sobrevivência da humanidade, necessitamos manter o contato”, diz a carta do AcIT, publicada abaixo.
“30 de março de 2020
Queridos (as) camaradas,
No momento em que a epidemia está adquirindo uma dimensão catastrófica em todos os continentes.
No momento em que se explicitam as consequências da asfixia da investigação científica provocada pelo capital, do abandono de continentes inteiros privados de todo sistema sanitário digno desse nome, e a destruição acelerada nas últimas décadas dos sistemas de saúde pública ali onde existiam.
No momento em que os governos de muitos países se mostram incapazes de garantir alimento e medicamentos, assim como meio elementares de proteção da população.
No momento em que se fecham as fronteiras, uma depois da outra, e que todos os governos, a começar pelo estadunidense, o britânico, o francês…, incapazes de proteger a seus povos decretaram – como um só homem – o estado de emergência, proibindo manifestações, reuniões, atentando contra todos os direitos democráticos e operários; e, aproveitando-se da catástrofe pela qual são responsáveis, fazem passar leis que desmantelam conquistas sociais e econômicas fundamentais, com o pretexto do Covid-19.
No momento em que dezenas de milhares de mortos e mais de meio milhão de portadores do vírus revelam a verdadeira natureza do sistema de dominação imperialista e dos governos a ele submetidos; um sistema portador da barbárie e que se constitui, como nunca, uma ameaça iminente contra as bases da civilização humana.
Nos parece vital estreitar mais os laços que estabelecemos na Conferência Internacional e o Ato Internacional de 30 de novembro em Paris.
Intensificando o intercâmbio entre nós, impediremos que se abata um silêncio de morte sobre nossos povos “confinados”.
Neste momento em que milhões de pessoas tomam consciência de que o que está em jogo é a sobrevivência da humanidade, necessitamos manter o contato.
Necessitamos conhecer e dar a conhecer as condições em que cada um de nós tem que combater para restabelecer uma visão global desta resistência e desmascarar o modo como o imperialismo e seus agentes utilizam a pandemia para servir aos objetivos escravagistas do capital financeiro em plena crise de decomposição.
O que pensam vocês?
Não hesitem em mandar notícias de vocês e de suas organizações. No aguardo de respostas, recebam, queridos camaradas, nossas fraternais saudações
Luísa Hanune e Dominique Canut
Co-coordenadores da Coordenação do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos”