Jornalistas, gráficos e trabalhadores do setor administrativo que trabalhavam na Editora Abril lutam para ter acesso ao FGTS, seguro desemprego e às verbas rescisórias a que tem direito.
A Abril iniciou demissões em massa em 6 de agosto e tinha até 10 dias úteis para pagar direitos no momento do desligamento. Mas, antes de vencer esse prazo, a empresa pediu recuperação judicial (de pronto aceita pelo Judiciário) e suspendeu todas as dívidas, inclusive com os 800 demitidos.
Assim, os demitidos receberam seu último salário em 3 de agosto e não têm qualquer previsão de quando vão receber o restante. A empresa desmarcou as reuniões com os funcionários, quando repassaria a chave para acessar o FGTS na Caixa e as guias para o seguro desemprego. Para os trabalhadores que ficaram na empresa, fica a incerteza sobre o seu futuro.
Em 17 de agosto, uma assembleia no Sindicato dos Jornalistas, com 60 profissionais, elegeu um Comitê dos Demitidos, o qual divulgou um comunicado onde afirma: “Deixemos clara nossa profunda indignação com o fato de a família proprietária da Editora Abril – que durante décadas acumulou com a empresa e com o nosso trabalho, uma fortuna na casa dos bilhões de reais – tentar agora preservar seu patrimônio e não querer usar uma pequena parte dele para cumprir a obrigação legal de nos pagar o que é devido.” Com a repercussão do comunicado, a empresa passou a reagendar a entrega do termo de rescisão e do FGTS. Em 22 de agosto, os gráficos também se reuniram em assembleia, elegendo uma comissão própria e aprovando a realização de um ato conjunto na porta da empresa.
Uma primeira mobilização foi feita pelas direções sindicais das três categorias no dia 10 de agosto, Dia do Basta, dizendo não às demissões e denunciando que a Abril se apoiava na antirreforma trabalhista para demitir em massa com maior facilidade.