Eleições do Andes-SN: um processo manchado pelo casuísmo

Neste domingo, 14 de maio, a Comissão Eleitoral Central das eleições do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN)divulgou a totalização dos votos. O resultado divulgado registra:

Chapa 01 – 7.056 (43,10%)
Chapa 02 – 2.253 (13,78%)
Chapa 03 – 6.763 (42,37%)
Nulos – 174
Brancos – 103

A Chapa 3 – Renova ANDES interpôs cerca de 40 questionamentos sobre o processo, além de 20 outros colocados pelas demais chapas.

O principal problema foi a esdrúxula interdição do voto dos docentes da UFMG e da UFSCAR. Estas instituições não contam com seções do ANDES-SN como resultado da divisão da categoria com a criação do PROIFES. Historicamente, as eleições do ANDES-SN em tais universidades cujas ADs estão com ele rompidas têm as eleições asseguradas pelas respectivas Secretárias Regionais do ANDES-SN. A decisão de realiza-las ou não poderia ser de arbítrio da Comissão Eleitoral Central (CEC), com maioria da Diretoria/Chapa 1. Mas foi exatamente este arbítrio fraudulento que prevaleceu: a maioria pró-chapa 1 da CEC impôs a decisão de permitir apenas que na UFRN, na UFG, na UFBA, todas sem seção do Andes-SN, além da UFPE, cuja seção parou há anos de recolher sua contribuição ao Sindicato, haveria eleição conduzida pelas Regionais do Andes. Por alguma razão, o mesmo critério não se aplicou à UFMG e à UFSCAR. Aí se aplicou a matemática: onde a votação se previa desfavorável à chapa da situação, a CEC aparelhada por esta chapa, interditou a votação.

Um resultado esdrúxulo deste arranjo antidemocrático foi que o candidato a presidente pela Chapa 1, docente da UFMG, não ter direito a voto.

A pequena diferença entre as chapas 1 e 3 demonstram claramente que a interdição do voto destas duas universidades fez a diferença no resultado final anunciado pela CEC. Se isso foi o ponto mais escandaloso da ação da CEC, a condução do processo foi marcada por um grau de parcialidade que, mesmo no ANDES-SN, é inédito. O Regimento das eleições, por exemplo, estabelecia que o colégio eleitoral pudesse ser definido depois de homologadas as chapas, o que está na raiz da interdição ao voto de professoras e professores da UFMG e UFSCAR. Para completar, a presidente do ANDES-SN (obviamente favorável à chapa situacionista) foi nomeada pela Diretoria como presidente da CEC. Emendas corrigindo esses dentre outros abusos regimentais foram apresentadas no último Congresso do Sindicato, mas a diretoria conseguiu faze-las ser rejeitadas.

O resultado da Chapa 3 demonstra que é possível reorientar o sindicato e dota-lo de uma nova direção. A ação arbitrária e casuística da CEC, sob influxo da Chapa 1, que teve papel decisivo, mostra justamente que a burocracia sindical agiu para impedir que a vontade de mudança no ANDES-SN se manifestasse plenamente através do voto livre.

As lutas que se colocam a nossa frente, pelo complemento dos 27% de reajuste nas IFES, a batalha em curso nas estaduais pela recomposição salarial, em vários estados, com destaque para o Paraná, onde a greve docente já está em curso, apontam para nós a necessidade de seguir na batalha pela democracia sindical no ANDES-SN, pois a docência necessita deste instrumento para sua luta.

Por isso, a Chapa 3 – Renova Andes vai travar a batalha até o fim do processo, que ainda não se encerrou, até o último momento. Nossa tarefa, em qualquer circunstância, passa por assegurar a continuidade do Renova ANDES e de seu combate no Sindicato.

Erika Suruagy (ADUFERPE) – Candidata a tesoureira do ANDES-SN pela Chapa 3
Fernando Cunha (ADUFPB) – Membro da CEC das eleições do ANDES-SN

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