Eleições no Equador: oportunidade perdida

Faltou uma política claramente anti-latifundiária e anti-imperialista

Com 52,4% dos votos, o candidato do imperialismo, Guillermo Lasso, venceu o segundo turno das eleições presidências do Equador, em 11 de abril, derrotando Andrés Arauz (47,6%), candidato do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017).

No primeiro turno, 7 de fevereiro, Arauz foi primeiro (32,7%), Lasso segundo (19,7%) e terceiro Yaku Perez (19,4%), do partido Patchakutik, braço político da Conaie (Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador), que protagonizou as grandes manifestações de 2019 contra medidas do acordo com o FMI, assinado pelo atual presidente, Lenin Moreno.

Manifesto do grupo trotskysta do Equador (a OSRT) levantando reivindicações e chamando o voto em Arauz no segundo turno afirmava que:
“No setor indígena, que votou maciçamente contra Moreno, uma questão central é a distribuição de terras que rompa o monopólio dos latifundiários.
A mineração é uma questão de soberania nacional e não pode continuar em mãos das multinacionais. A exploração em grande escala agrava a exploração dos trabalhadores e a contaminação das águas.
As aspirações dos trabalhadores e do povo só poderão ser satisfeitas com a ruptura com o capital financeiro, afirmando a soberania nacional e popular”

Não era esse, no entanto, o eixo da campanha Arauz. Embora falasse contra o acordo, ele defendia a renegociação com o FMI o que o levou a viajar a Washington, em 17 de fevereiro, para se reunir com funcionários desse órgão.

Em 11 de abril, sem surpresa, Lasso obteve os demais votos da direita, dispersos no primeiro turno. Mas sua vitória só foi possível pela maciça transferência de votos (dois em cada três) de Yaku Perez.

Ademais do lawfare contra o correísmo e da ausência de resposta à questão da terra, a direita conseguiu manipular o descontentamento indígena contra o ex-presidente Correa em virtude dos graves conflitos ocorridos durante seu governo devido às concessões para as multinacionais explorarem a mineração em terras tradicionais.

Edison Cardoni

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