Eleições presidenciais na França

Em 16 de janeiro, um comício do candidato presidencial Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa (LFI), na cidade de Nantes reuniu 5 mil pessoas num pavilhão lotado. Ali, Mélenchon reafirmou os eixos de sua candidatura, que apresenta como sendo de “ruptura com o sistema”, o regime da 5ª República francesa.

Três dias antes, ele estava na manifestação dos grevistas da educação “como um peixe na água”, como comentaram os que fizeram esse amplo movimento contra o governo Macron. “É a primeira demonstração de força em massa do meio educacional há algum tempo”, afirmou Mélenchon. Entraram em greve 75% dos funcionários das escolas de ensino fundamental e 60% das de ensino médio, com milhares de estabelecimentos fechados.

Uma campanha militante se desenvolve em torno de Mélenchon, na qual participam os militantes do Partido Operário Independente (POI), agrupando trabalhadores e muitos jovens que se mobilizaram nos últimos anos, inclusive os Coletes Amarelos. Na eleição passada (2017), Mélenchon teve 7 milhões de votos, muito à frente dos 2 milhões do candidato do Partido Socialista (PS).

Entre os pontos do programa de Mélenchon, estão o fim da 5ª República e a convocação de uma Assembleia Constituinte; o retorno à aposentadoria aos 60 anos, com 40 anos de contribuição (o governo Sarkozy elevou para 62 anos; o governo do PS aumentou para 43 anuidades); aumento do salário mínimo; revogação das contrarreformas trabalhistas, previdenciárias e da saúde dos últimos governos.

Carta aos abstencionistas
As últimas eleições francesas registraram altas taxas de abstenção, manifestando a recusa a todos os que sustentaram, ao longo de décadas, as instituições da 5ª República. No 2º turno da eleição presidencial anterior, 34% dos eleitores se abstiveram ou votaram branco e nulo. No 2º turno das eleições regionais de 2021, a abstenção, nulos e brancos atingiu 68%.

Essa recusa atinge tanto os partidos de direita quanto o PS, que governou a França e aplicou medidas antioperárias. No governo de François Hollande (2012-2017), por exemplo, foi aprovada a lei El Khomri, que destruiu o Código do Trabalho, e a reforma das aposentadorias. .

O POI, por isso mesmo, difunde uma “Carta aos abstencionistas”, na qual afirma: “Como em 2017, a candidatura de Mélenchon é sentida como portadora de uma disposição de rejeição e de ruptura. Novamente, como em 2017, e posteriormente em todas as lutas travadas em comum, não nos absteremos e procuraremos nos agrupar. Nós votaremos Mélenchon”. O POI difunde amplamente a carta, que já foi assinada por mais de 2 mil militantes.

Cláudio Soares

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