“Nossa avaliação é superpositiva”. “Estamos favoravelmente impressionados com o ajuste fiscal”.
As afirmações acima são de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central e Nigel Chalk, diretor interino do departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional. Os elogios são para o “Arcabouço Fiscal” apresentado por Fernando Haddad, ministro do governo Lula e acendem um alerta.
O governo Lula, é verdade, começou a retomar os programas sociais. Bolsa família, Minha casa Minha Vida, Programa de Aquisição de alimentos, aumento da verba da merenda, aumento das bolsas estudantis. Anunciou o aumento do salário mínimo e o ajuste do Imposto de Renda. Lula também retirou dez estatais da lista de privatização, enviou projetos de Lei ao Congresso de proteção e igualdade para as mulheres e adotou medidas importantes, como por exemplo a retomada da comissão da Anistia, enquanto no seu governo a fiscalização para o combate ao trabalho escravo parece mais à vontade para trabalhar.
As medidas positivas adotadas pelo governo Lula, no entanto, não foram suficientes para reverter ainda a decomposição social provocada pelos governos dos últimos seis anos. O desemprego que havia sido refreado para tentar reeleger Bolsonaro, voltou a crescer e, de acordo com “especialistas” deve continuar crescendo. A fome segue sendo um problema grave, assim como a violência. E as verbas da saúde e da educação ainda não foram recompostas. Os enfermeiros ainda estão sem o piso. Os estudantes universitários, sem assistência estudantil, para ficar em dois exemplos.
A velocidade e a intensidade das medidas que deveria tomar o governo Lula, para atender os anseios do povo trabalhador que o elegeu, se chocam com os interesses do mercado financeiro, que tem em uma de suas principais expressões o Banco Central autônomo. É por isso que os elogios ao “novo arcabouço”, pelos agentes do mercado, acendem um alerta, mesmo se não conhecemos todos os detalhes sobre este novo plano. Eles vão na contramão do que esperam os que elegeram Lula.
Na última reunião do Diretório Nacional do PT, vários questionaram este rumo, é verdade. Mas se quiser resistir às pressões do capital financeiro e colocar o país no rumo de uma política soberana que defenda os interesses do povo trabalhador, o governo, deve, antes de tudo, se apoiar na mobilização das massas trabalhadoras, que ele tem que atender.
Tem a maior importância a luta da educação, tanto de professores, quanto de estudantes. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e sindicatos de professores intensificam a luta pela aplicação do Piso Nacional Salarial, e unificam com os estudantes que protagonizam a luta pela revogação do Novo Ensino Médio. O calendário de lutas inclui o dia 19 e o dia 26 de abril e mostra o caminho para o 1° de maio, que deveria se realizar com o engajamento das centrais, sindicatos e trabalhadores na luta por exigências concretas dirigidas ao governo Lula.