Em Hiroshima, novos apelos à guerra

Governos do G7 anunciam mais recursos, armas e materiais militares à Ucrânia

A reunião de cúpula do G7 ocorreu em Hiroshima (Japão), que é apresentada como a cidade da paz. Todo os chefes de Estado, com Joe Biden à frente, foram depositar flores no monumento dedicado aos mortos. Hiroshima, símbolo da paz? Não: Hiroshima, símbolo da barbárie imperialista.

Em 1945, a aviação estadunidense largou uma bomba atômica sobre Hiroshima, e 150 mil pessoas foram mortas em poucos minutos. Em virtude da radioatividade, durante décadas, houve crianças natimortas ou que nasceram com terríveis deficiências. E são essas pessoas que nos falam em crimes de guerra! Emmanuel Macron falou de uma “cúpula pela paz”. Zelensky, atração estadunidense na cúpula, falou dessa reunião como sendo um passo em direção à paz.

A paz? Biden, pela primeira vez, acaba de dar autorização para o envio à Ucrânia de aviões F-16 estadunidenses. A Dinamarca e outros anunciaram que formariam os pilotos ucranianos. Macron anunciou o mesmo. No último dia do G7, Biden, ao anunciar o fornecimento de novas armas e materiais militares, concedeu uma ajuda financeira suplementar de 375 milhões de dólares. Um passo em direção à paz? Não, um passo em direção à intensificação da guerra, ou seja, de massacres e da morte para dezenas de milhares de ucranianos e de russos (…).

Notemos que, neste concerto de guerreiros, os presidentes Lula, do Brasil, e Modi, da Índia, recusaram-se a participar das vozes belicosas e clamaram pela paz.

Por trás dos apelos à guerra sem fim, encontram-se interesses políticos: desagregar a Rússia visando à China – de outro lado, a cúpula discutiu a competição econômica com a China, dirigindo-se solenemente ao presidente chinês. Mas há também interesses econômicos: a indústria de armamentos trabalha em sua capacidade máxima. A França é agora a segunda maior exportadora – depois dos Estados Unidos, mas antes da China – de armamentos. (…) O prosseguimento dessa guerra ameaça a humanidade. Ninguém sabe onde isso irá parar. Os que querem a guerra a todo custo e seus auxiliares são os responsáveis pelo que possa ocorrer.

Para os internacionalistas, proteger a humanidade é não somente lutar pela paz e, portanto, contra o capital. “O capitalismo traz a guerra assim como a nuvem traz a tempestade” (Jean Jaurès). Não se lutará contra a guerra sem lutar contra o capital, e não se pode lutar contra o capital sem lutar contra a guerra.

Lucien Gauthier

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