Em um ano 9 mil km² foram desmatados

Entre agosto de 2018 e julho de 2019 foram desmatados 9.762 Km², um aumento de 29,5% em comparação com os 12 meses anteriores. Os dados foram divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) no último dia 18. É o maior desmatamento na Amazônia em um período de 12 meses nos últimos 10 anos.

Há um aumento, em especial, no desmatamento ilegal. De acordo com as informações do Inpe o desmatamento em áreas protegidas, aquelas de conservação ambiental federal e estadual e reservas indígenas, cresceu 35%. Foram derrubados 1.035 Km² de florestas em áreas que deveriam ser protegidas pelo governo. O desmatamento em reservas indígenas, aumentou 65% (de 260,6 Km² para 429,9 Km²). Apenas na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, no Pará, foram 45 Km² de área desmatada contínua, derrubada de uma única vez, de acordo com as imagens de satélite analisadas.

O “maior desmatador do Brasil”
Uma operação da Polícia Federal prendeu em outubro na região de Cujubim, Rondônia, Chaules Pozzebon controlador de 120 madeireiras na região norte, considerado “o maior desmatador do Brasil”. Ele é acusado de chefiar uma organização criminosa que dentre os vários crimes listados – além de desmatamento ilegal – estão trabalho escravo, assassinatos e grilagem de terras. Outras 22 pessoas foram presas acusadas de participar da organização criminosa, incluindo nove policiais que fariam parte de um grupo de extermínio que operava a mando de latifundiários da região.

Cresce conflito entre madeireiros e índios
Em 1°de novembro uma emboscada na Terra Indígena Araribóia, na região de Bom Jesus das Selvas, no Maranhão matou o índio Guajajara Paulo Paulino e feriu Laércio da Silva, também Guajajara. Outro homem ainda não identificado também morreu no conflito. Lideranças indígenas locais acusam madeireiros pelo ocorrido. A emboscada teria sido uma resposta à ação de Paulo contra o desmatamento na reserva indígena aonde mora. Paulo estava ameaçado de morte e negociava com o governo sua entrada em um programa de proteção aos direitos humanos para reforçar sua segurança. Em fins de setembro estourou outro conflito entre madeireiros e indígenas, dessa vez na Reserva Indígena Alto Rio Guamá, no Pará. Os índios da etnia Tembé apreenderam caminhões, tratores e ferramentas de madeireiros que estavam retirando ilegalmente madeira dentro da reserva indígena.
De acordo com o Conselho Indígena Missionário (CIMI), há uma verdadeira escalada nos ataques às terras indígenas. Em 2016 foram 56 ocorrências, 96 em 2017, 111 em 2018 e agora 157 entre janeiro e setembro de 2019. Essas ocorrências dizem respeito a invasões de terras indígenas para exploração ilegal como desmatamento ou garimpo.

O incentivo do governo.
Em 27/8 Bolsonaro afirmou em reunião com os governadores da região amazônica que as áreas de preservação ambiental e reservas indígenas levam a “insolvência do Brasil”. E assegurou aos governadores que em seu governo não demarcará nenhuma terra indígena, quilombola ou fará reservas ambientais. O que está em consonância com sua proposta para o orçamento de 2020. O ministério do Meio Ambiente tem uma redução de 10% nas verbas, são menos 34% de verba para o programa de prevenção a incêndios florestais, menos 49% para a gestão das Unidades de Conservação. Ao mesmo tempo Bolsonaro afirma que o ministro do meio-ambiente estuda um meio para liberar a exportação de troncos “in natura”, que hoje é proibido pela legislação ambiental. A madeira “in natura” é aquela em que o tronco é exportado inteiro, sem nenhum tipo de beneficiamento. A associação que congrega madeireiros, o Fórum Nacional de Base Florestal, comemorou a medida e diz que espera dobrar a exportação de madeira caso ela seja aprovada.

Cristiano Junta

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