Estudantes negros contra o racismo na UFSC

por Dani Braz

Quando no dia 28 de setembro deste ano, no Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, foram encontradas frases escritas nas paredes do banheiro direcionadas a uma estudante quilombola do curso de Pedagogia, com dizeres de que ali (na universidade) não era espaço para quilombola e que ela deveria voltar para o seu lugar, o Movimento Negro Unificado juntamente com o Centro Acadêmico Livre de Pedagogia e o Diretório Central dos Estudantes paralisaram as aulas e se dirigiram a reitoria da universidade e a direção do centro de ensino exigindo a identificação da estudante que praticou racismo e a punição da mesma.

Foi o início de uma mobilização coletiva que vem avançando para resistir aos ataques racistas que ocorrem com frequência nesta universidade.

No dia 5 de outubro estudantes negros da UFSC se reuniram numa assembleia convocada pelo movimento negro e entidades para debater esta luta.

A assembleia, que contou com a presença de cerca de 150 pessoas, encaminhou diversas ações, como uma manifestação na sessão do Conselho Universitário em 11 de outubro para pressionar pela aprovação de uma “Política de Combate ao Racismo” e também um ato na reitoria em 13 de outubro para exigir a apuração dos crimes cometidos e punição dos envolvidos. 

Apesar da resistência, nas semanas que sucederam a assembleia os ataques continuaram. Foram encontradas pichações racistas em outros centros de ensino e, não satisfeitos com as escritas nas paredes, deixaram uma carta impressa no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) com conteúdo também de agressões racistas.

O movimento negro realizou nova assembleia em 03 de novembro e deliberou por realizar a 3ª Virada Antirracista em 10 de novembro, quando aconteceram durante o dia todo atividades de agitação, além da realização de uma aula pública e uma reunião ampliada dos coletivos negros para debater os próximos passos. 

Até o momento nenhuma ação efetiva foi tomada pelas autoridades policiais e pelas instituições. Já se passaram mais de 45 dias desde o primeiro caso de racismo, os ataques se intensificam diariamente e podemos contar apenas com a ação política dos próprios estudantes para se defender. 

Por isso mesmo urge a necessidade de avançar a organização dos estudantes negros para intensificar as mobilizações e a autodefesa. Além disso os estudantes exigem que as entidades estudantis não só apoiem as ações do movimento negro organizado, mas também incorporem a luta dos negros com a criação, na estrutura das entidades, de uma diretoria de negros, para que os estudantes tenham um espaço permanente de debate e organização.

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