Em 1º de maio, num protesto organizado pelo Sindicato dos Enfermeiros do DF diante do Palácio do Planalto, esses trabalhadores que estão na linha de frente no combate à Covid-19 foram agredidos por bolsonaristas. Ouvimos Dayse Amarílio, presidente do sindicato.
O Trabalho – Qual era o objetivo do protesto?
Dayse Amarílio – Um grupo de enfermeiras nos procurou com a imagem de enfermeiros em Denver (EUA) parando carros. Foi daí que veio a ideia de fazer um protesto silencioso, organizado, sem expor os profissionais e a própria população. No DF se anunciava um relaxamento do isolamento social por parte do governo Ibaneis. Por isso pensamos no dia 1° de maio, por ser uma questão dos trabalhadores. Nosso objetivo era chamar atenção para as mortes que já ocorreram e os mais de seis mil profissionais de saúde já infectados. Hoje já são 70 profissionais de enfermagem mortos, dois no DF. A gente não tem um SUS preparado para essa atenção de nível terciário, como a epidemia necessita. Enfim, defender o isolamento social, homenagear nossos colegas que já morreram e levantar a questão da valorização da enfermagem, porque não temos piso salarial, nem 30 horas e aposentadoria especial.
OT – Como começou a agressão?
Dayse – Ficamos surpresos e chocados com a truculência com a qual fomos recebidos. Desde o momento que chegamos, começamos a ser hostilizados. Colocamos as cruzes, respeitamos o espaço entre um e outro. E eles ofendendo, até que um mais exaltado chegou muito perto de uma enfermeira e começou a gritar. Ela começou a gravar e o agressor partiu para cima dela. A colega ao lado se colocou entre os dois. Tivemos que chamar a polícia que nos escoltou até a saída. Aí apareceu um indivíduo com um jaleco, ao lado de uma senhora, mas não tinha nenhum médico em nosso protesto. Ficamos bastante chateados com a mentira veiculada de que tinha pessoas que não eram da enfermagem no protesto.
OT – O que pensam da agressão que sofreram?
Dayse – Ela não pode ficar impune. Algumas colegas foram empurradas, o agressor esbravejava de perto, além do assédio moral que doeu em toda a categoria. Colocamos o sindicato à disposição e mais de 15 participantes dentre os 52 que lá estavam, fizeram boletim de ocorrência. Alguns vão entrar com ações civis individuais. O Sindicato, além de ação civil, também vai fazer uma ação de representação junto ao Ministério Público.