Trata-se de um verdadeiro massacre promovido pelo exército israelense, que atirou com balas reais sobre uma multidão que se manifestava pacificamente, provocando 60 mortos, milhares de feridos, muitos entre a vida e morte no momento em que escrevemos.
Trump e seus representantes, no mesmo momento, transferiam a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém. Trump e seu representante na ONU felicitaram o governo Netanyahou por “ter dado provas de contenção”! A União Europeia, buscando demarcar-se da brutalidade de Trump, condenou as violências, conclamando à contenção das duas partes, como se houvesse igualdade entre os que atiram sobre a multidão e aqueles que se manifestam pacificamente. Ninguém pode ser enganado pelos “argumentos” colocados para reprimir os palestinos, seja o pretexto de luta contra o terrorismo, de segurança ou legítima defesa. Quem pode acreditar um só instante nessas contra-verdades, que visam mascarar o fato que essas manifestações questionam o edifício constituído sob a batuta do imperialismo?
São os mesmos governos que, por conta dos interesses das multinacionais, provocam guerras e conflitos em todo o planeta. Dezenas de milhares de palestinos manifestavam-se contra o bloqueio de Gaza e pelo direito ao retorno. Com efeito, Gaza é a maior prisão a ceú aberto do mundo, um verdadeiro gueto no qual “vivem” 2 milhões de pessoas em 360 km², ou seja, 5.400 habitantes por km², uma das maiores densidades do mundo.
Essa faixa, onde só há eletricidade algumas horas por dia, onde falta tudo, onde não há trabalho, está bloqueada pelo Estado de Israel e o Egito que controlam os muros e cercas de arame farpado que rodeiam a faixa de Gaza.
É contra esse bloqueio que dezenas de milhares se manifestam, eles são em essência descendentes dos 800 mil palestinos expulsos à força de seus vilarejos e casas em 1948, quando da criação do Estado de Israel.
Em todos os territórios onde vivem os palestinos, na Cisjordânia, na Galileia, dentro das fronteiras de 1948 (Estado de Israel), a emoção atingiu o seu máximo e manifestações são realizadas demonstrando que é todo um povo que é golpeado e se levanta contra a repressão e a opressão. A juventude palestina, que rejeita tudo o que lhe pretendem impor, que não reconhece as diferentes “soluções” que pretendem ser dadas, se mobiliza maciçamente pois não tem outro caminho.
A Marcha do retorno levantou, com efeito, a questão do direito para os palestinos de voltarem para seus vilarejos e casas, tanto para os que estão em Gaza, para os da Cisjordânia, para os do Líbano, da Jordânia ou da Síria…O direito ao retorno diz respeito a 6 milhões de palestinos exilados, encerrados em campos, submetidos à opressão e à repressão. Essa reivindicação se choca com todos os acordos feitos sob a égide do imperialismo dos Estados Unidos. Os numerosos militantes palestinos que participaram da Conferência Mundial Aberta contra a Guerra e a Exploração em dezembro de 2017 em Argel afirmaram claramente: os acordos de Oslo em 1993, a divisão em pedaços do território palestino sob controle da Autoridade Palestina, se erguem contra a soberania e o direito à nação para os palestinos. O conjunto desse dispositivo visa, na realidade, proteger o ocupante israelense e reprimir o povo palestino.
Vinte e cinco anos se passaram desde esses acordos de Oslo, apresentados como “solução”, e o povo palestino continua a ser reprimido, golpeado, massacrado. Não há outra via para estabelecer a paz nessa região, senão colocar fim ao apartheid contra o povo palestino. É por isso que apoiamos incondicionalmente o direito ao retorno para todos os refugiados palestinos para suas vilas e casas de origem, o direito à terra, o direito à soberania nacional.
Apoio incondicional ao povo palestino!
Conclamamos o conjunto dos militantes e organizações que participam das atividades do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos a ocupar a primeira linha no combate em defesa do povo palestino contra os massacres promovidos pelo exército israelense com apoio de Trump.
16 de maio de 2018,
Os coordenadores do AcIT
Louisa Hanoune, secretária geral do Partido dos Trabalhadores (Argélia)
Dominique Canut, membro da secretaria nacional do Partido Operário Independente (França)