Na cidade de Amiens (norte da França), na segunda semana de março, a fábrica Valeo (peças de automóveis) tinha nove casos de coronavirus, mas continuava funcionando sem medidas protetivas. Os operários, através do sindicato, exigem medidas de prevenção e segurança e realizam fortes paralisações e em 17 de março, uma assembleia vota a suspensão do trabalho. Tudo foi feito para fazê-los voltar atrás, inclusive a pressão individual, mas a paralisação foi mantida. No dia 19, a empresa recua e decide um fechamento provisório.
Na Amazon, o empregador alegou que estabeleceu a distância de segurança… Mas as embalagens de papelão passam das mãos de um trabalhador para outro sem luvas! Os delegados sindicais multiplicam as intervenções, os alertas aos órgãos públicos, os pedidos de reunião extraordinária do CSE (comitê de empresa reunindo patrões e empregados). Sob essa pressão, muitas empresas cedem e fecham provisoriamente.
Na fábrica Verescence (vidros para perfumes), o sindicato questiona: o que justifica continuar a nos expor? A venda de perfumes de luxo em período de quarentena? O patrão aceita o fechamento parcial, mas planeja contratar trabalhadores temporários! Finalmente ele recua diante da recusa categórica do sindicato de permitir isso.
A Nestlé-Purina (ração para animais), argumenta que “a falta de rações poderá levar as pessoas a alimentar seus cães e gatos com produtos destinados ao consumo humano.” Não importa, o sindicato CGT reafirma: as condições de segurança são insuficientes. “Serviço essencial” ou não os trabalhadores não aceitam trabalhar expondo-se ao risco do coronavírus!
Na saúde, “os serviços essenciais” são também pretexto para pressionar os funcionários a trabalhar sem segurança.
Apesar da chuva de interpelações que recebe, a administração da região orientou as empresas a “manter sua atividade em conformidade com as medidas de proteção”.
Palavras ao vento, pois fábricas reabrem e a atividade é retomada sem gel, sem máscaras, sem respeito ao distanciamento, sem garantia de ausência de contaminação.
Os patrões continuam patrões, prontos a sacrificar a saúde dos empregados para manter sua corrida pelo lucro. É com eles que deveríamos fazer a unidade nacional? Desde quando os representantes das vítimas devem assinar um compromisso com seus carrascos?
Correspondente