Governo de Alagoas entrega 304 escolas para fundo de previdência

Manobra visa desviar dinheiro da educação pública e ameaça escolas de privatização

O ano de 2023 começa com luta para os servidores públicos e jovens do estado de Alagoas. É que no apagar das luzes, no final de 2022, o governador Paulo Dantas (MDB) enviou para a Assembleia Legislativa e aprovou sem nenhuma discussão com os servidores, uma proposta de criação de um fundo garantidor para administrar patrimônios para “garantir condições de pagamento das aposentadorias” e doou para o referido fundo as 304 escolas da rede estadual. Ou seja, numa única canetada o governador entregou todos os prédios onde funcionam as escolas.

Para o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), a operação que entregou as escolas para o fundo visa fazer o estado pagar aluguel dos prédios que eram do próprio estado, o que caracteriza uma operação ilegal, já que os recursos sairão da verba carimbada da educação. A medida ainda facilita ao estado avançar de concessão ou privatização de escolas.

Para combater essa situação, os sindicatos de servidores estaduais, com o apoio da CUT, realizaram um ato público no dia 21 de dezembro, na entrada do prédio do Alagoas Previdência, onde as lideranças sindicais cobraram transparência e democratização da gestão do fundo responsável por pagar as aposentadorias dos servidores estaduais. Eles também denunciaram o desvio de 142 milhões de reais que o Ministério Público está investigando e a devolução das 304 escolas que foram transferidas da rede estadual de educação para o fundo garantidor. Ao final da manifestação, os servidores protocolaram um ofício cobrando informações sobre a real situação do AL Previdência.

Para Izael Ribeiro, presidente do Sinteal: “a luta está só começando, porque os trabalhadores não vão abrir mão da luta em defesa das 304 escolas e da educação pública, gratuita e de qualidade em Alagoas”. 

Os servidores também prometeram intensificar a mobilização, bem como acionar o Ministério Público Federal e Estadual contra a operação de transferência das escolas. A volta às aulas deve permitir abrir essa discussão também com os estudantes, um dos segmentos mais afetados.

Luiz Gomes

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