Grécia: declaração do NAR¹ sobre a guerra na Ucrânia

Não à invasão da Ucrânia pela Rússia!

Não à participação da Grécia nos planos dos EUA e da OTAN!

Pela luta dos povos pela paz na nova era da guerra capitalista!

A invasão da Ucrânia pela Rússia é um passo importante na escalada da rivalidade intercapitalista, um ato histórico que empurra a humanidade ainda mais para uma era de guerra aberta em benefício do capital. A decisão do governo Putin de invadir a Ucrânia não é determinada pela necessidade de “proteger a população das repúblicas populares de Donbass contra os fascistas ucranianos”.

Trata-se de um movimento para promover os interesses do capitalismo russo na região da Ucrânia e além. A causa da guerra está na nova fase da competição ocidental (Estados Unidos-União Europeia) com a Rússia e a China. A crise capitalista não resolvida e o declínio relativo da hegemonia estadunidense (Afeganistão, Síria etc.) tornam o capitalismo dos EUA mais agressivo, na tentativa de cercar diretamente a Rússia, mas também a China (acordo Aukus², conflito sob o status de Taiwan, Mar da China, Hong Kong).

A guerra na Ucrânia é o primeiro episódio da nova era em que as rivalidades capitalistas serão cada vez mais resolvidas com o recurso às armas. A expansão da agressiva coalizão da OTAN na Europa e para além dela até a fronteira russa, a escolha da Rússia e da China como alvos a serem atacados nos últimos anos e a nova corrida armamentista marcam esse rumo perigoso.

Os Estados Unidos mostraram que estão determinados a usar seu vasto arsenal militar para compensar seu declínio econômico. As alegações dos Estados Unidos e da União Europeia contra Moscou são totalmente hipócritas, porque foram essas forças que contribuíram para a desintegração da Iugoslávia, ao afogar os Balcãs em sangue, foram elas que invadiram o Iraque e tantos outros países, são elas que inflaram as velas reacionárias e nacionalistas do regime ucraniano.

(…) O ataque altamente anticomunista de Putin a Lenin e aos bolcheviques, suas repetidas declarações de que “não há nação ucraniana”, marcam o forte renascimento do nacionalismo Grão-Russo, do qual Lênin foi um adversário intransigente, e cuja superação prática foi alcançada pela fundação da União Soviética.

É por isso que Lenin é um inimigo comum tanto do regime de extrema-direita de Kiev, que se impôs através da destruição simbólica de suas estátuas, quanto da retórica de Putin, que dedicou a maior parte de seu discurso a atacá-lo. A “descomunização” é o objetivo comum de ambos os nacionalismos.

(…) Só através da luta constante contra “o inimigo em nosso próprio país”, contra os acordos estratégicos Grécia-Estados Unidos-França e as forças políticas que os assinaram, contra o capital e o governo que estão alinhados à política aventureira e belicosa dos Estados Unidos-OTAN, é que os trabalhadores poderão conquistar a paz e a vida que eles merecem.

Parem imediatamente as operações militares na Ucrânia!

Não à participação da Grécia na guerra na Ucrânia!

Fechem as bases militares dos Estados Unidos, não à transformação de Alexandroupolis em um centro da OTAN!

Grécia fora da OTAN!

24 de fevereiro de 2022

¹ Nova Corrente de Esquerda pela Libertação Comunista (NdE)

² Acordo Aukus: pacto militar para o Pacífico entre EUA, Austrália e Reino Unido, excluindo fornecimentos militares de outros produtores, como a França etc.(NdE)

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