Greve da educação continua em Florianópolis

A luta vai às ruas por condições seguras para a volta às aulas presenciais

Em greve há 50 dias, os trabalhadores do ensino municipal da capital catarinense seguem em luta exigindo condições sanitárias seguras para reabrir as escolas.

O prefeito Gean Loureiro (DEM) apostou na ilegalidade da greve com respaldo do poder judiciário. Mas sua aposta naufragou quando o Tribunal de Justiça considerou a greve legal. Desde então, a intransigência em não negociar com a categoria em greve é a tônica da prefeitura, que se recusou a abrir uma mesa de negociação durante todo esse tempo.

No início de maio, após uma audiência mediada pelo Ministério Público do estado, a prefeitura chegou a assinar uma proposta, mas na calada da noite anterior a uma assembléia da categoria que iria avaliá-la, o prefeito enviou um oficio retirando a proposta.

A greve segue com forte apoio da comunidade escolar, com 80% dos conselhos da rede municipal manifestando o seu apoio à mesma. A categoria faz atividades nos bairros junto à comunidade para explicar a pauta da greve. Atos nas ruas, com segurança sanitária, são realizados e recebem apoio do povo.

Discurso falso do prefeito
O discurso que o retorno é seguro nas condições apresentadas pelo prefeito é falso. Nas poucas unidades escolares em funcionamento ocorreram surtos de contaminação, com perda da vida de trabalhadores.

Na rede estadual e privada a realidade não é diferente. Um questionário feito pelo sindicato dos professores da rede privada da Grande Florianópolis, mostrou que 88,4% dos entrevistados não se sentem seguros para ministrar aulas presenciais, com 95% afirmando conhecer algum colega que contraiu a Covid-19.

Nas cerca de 360 unidades de educação da capital – federais, estaduais, municipais e privadas – cerca de 50% tiveram suspensão total ou parcial das aulas presenciais por conta de contaminações, segundo dados da própria prefeitura.

A categoria exige um retorno às aulas presenciais com condições de segurança que incluem: controle da pandemia, com taxa de contaminação comunitária abaixo de 1,0 e próxima de 0,5; vacinação e testagem da comunidade escolar; EPIs seguros para todos (incluindo os terceirizados); estrutura física adequada, com revisão e atualização dos Planos de Contingência; contratação de novos profissionais e convocação dos já aprovados em concurso público.

A greve continua exigindo que o prefeito atenda a pauta acima, e precisa do apoio solidário do conjunto do movimento sindical no estado e nacionalmente.
Renê Munaro

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