Guadalupe em situação insurrecional?

Abaixo trechos de declarações de Elie Domota ao jornal do POI francês, “Informações Operárias” de 25 de novembro. Domota é dirigente da União Geral dos Trabalhadores de Guadalupe (UGTG), que é um departamento de ultramar da França no Caribe, tal como a Martinica e a Guiana. Ele é também porta voz do LKP (coalizão de organizações sindicais e populares).

“Desde 17 de julho de 2021, marchamos todos os sábados com nossas organizações, escrevemos ao Presidente da República, ao Primeiro Ministro, ao Ministro da Saúde e à Agência de Saúde (ARS). Pedimos audiências ao prefeito (autoridade local nomeada por Paris, NdT), acionamos os presidentes do Conselho Departamental, do Conselho Regional e demos avisos de greve. Ninguém respondeu às nossas demandas.

Em 23 de setembro, após uma mobilização na zona comercial de Dothémare, num encontro com o chefe de gabinete do prefeito, foi acordado um método para as negociações. Mas, no dia 29, o prefeito rejeitou o conjunto das propostas. Sua única resposta foi a repressão.

Temos mais de vinte companheiros condenados por piquetes de greve, outros convocados diante do tribunal. Todos os dias há atropelos e ataques aos manifestantes que ocupam as ruas e já estamos há duas semanas de interrupção do trabalho, em greve geral.


Em que país estamos? Mesmo nas ditaduras mais ferozes, quando as pessoas se manifestam, são recebidas para discutir; aqui, escolheram nos ignorar. É preciso dar um basta a esse desprezo, nós não somos animais e não vamos aceitar isso!

Não é normal que num país dito civilizado, onde a maioria se manifesta contra a obrigação vacinal e o passe sanitário, pedindo contas sobre a gestão da crise sanitária e o número importante de mortes por falta de cuidados, a única resposta do Estado francês seja o desprezo e a repressão.

Pedimos a todos os trabalhadores, desempregados, aposentados e às pessoas apegadas à justiça e à liberdade que somem-se aos piquetes de greve, aos bloqueios, para que possamos arrancar negociações sobre as reivindicações dos trabalhadores e povo de Guadalupe.

Quando escutamos que a taxa de vacinação é de mais de 87%, é falso, levando-se em conta que ela é completa com ao menos duas doses, mais uma terceira depois de seis meses. Poucos seriam aptos a manter seus empregos, enquanto eles dizem que isso é para nos proteger.

A prova está feita de que não se trata de uma política de saúde pública, mas sim de uma política de sujeição e questionamento das liberdades e direitos. É por isso que nos levantamos contra essa situação, para que nosso país seja respeitado.”


Em relação com os acontecimentos relatados por Domota, começou uma greve geral em 22 de novembro também na Martinica, por razões idênticas às de Guadalupe, contra o poder colonial francês.

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