Guerra amplia crise econômica na Rússia

A crise econômica que se inicia na Rússia será comparável, em gravidade, aos choques da década de 1990, admitiu o Banco Central da Rússia em relatório de política monetária que acaba de publicar. “A crise de 2022 é um dos maiores desafios aos quais a economia russa está confrontada desde os anos 1990”, declararam os analistas do Banco da Rússia.

Na primeira semana depois da invasão militar da Ucrânia ordenada por Vladimir Putin, os preços dos gêneros alimentícios dispararam. Em seguida, vieram as consequências das sanções econômicas decididas pelos países europeus.

Depois das sanções, a Rússia parou de importar bens de consumo corrente – eletrônicos, brinquedos e produtos de higiene. Não se pode dizer, entretanto, que as prateleiras das lojas estejam vazias. Após quatro meses de sanções, ainda há marcas europeias à venda. Por quê? A primeira resposta é que ainda existem mercadorias em estoque. A segunda é que o poder de compra dos russos caiu, em razão da alta do desemprego no país.

“Desemprego escondido”
A taxa de desemprego oficial do país é de 4%, o que não é elevado. Observa-se, no entanto, um crescimento do “desemprego escondido”, que consiste em uma interrupção da atividade dos trabalhadores. O emprego é conservado, mas a pessoa não trabalha realmente.

A revista digital russa “Tinkoff” estima que a taxa de desemprego na Rússia poderá atingir de 7,1% a 7,8% até o fim de 2022. Em razão do desenvolvimento econômico desigual das regiões russas, essas taxas variam muito de um local para outro do país e, de acordo com os analistas, poderia chegar a 28% no Cáucaso.

Massas de trabalhadores estão sem emprego em virtude da retirada das empresas estrangeiras do país. Outros milhões estão em parada forçada. É o caso dos setores automobilísticos, de impressão e da madeira, em razão da falta de componentes e de produtos intermediários ou do cancelamento de encomendas na Europa.

Em outros termos, o pior ainda está por vir para os trabalhadores da Rússia, e eles não têm o apoio de suas organizações e sindicatos. Os “sindicatos” que existem desde a época de Stálin não passam de um laço em torno do pescoço do proletariado, criados para conter o movimento operário nos anos 1930. São organizados segundo o princípio da adesão obrigatória e desempenham o papel de promotores de atividades de lazer.

As sanções econômicas contra Putin e as reações aprovadas pelo governo de Moscou rompem os laços econômicos e culturais com o mundo, principalmente com a Europa. A solução, como há um século, não é nova. Não se trata de cortar os laços, mas de criar e desenvolver laços entre os trabalhadores do mundo, quebrando as velhas cadeias das fronteiras e das guerras.

Correspondente russo do jornal francês “Informações Operárias”

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