Há mais de quatro décadas militantes foram de porta em porta coletar apoio à criação de um partido que expressasse os anseios expressos na luta contra a ditadura: reajustes salariais, contra a carestia, liberdade sindical e de organização e democracia. A Corrente o Trabalho do PT, à época Organização Socialista Internacionalista (OSI) e nosso jornal, O Trabalho, cuja 1ª edição é de 1978, se engajou plenamente neste combate.
De porta em porta, nos bairros das famílias trabalhadoras, íamos pedir apoio à criação de Partido dos Trabalhadores. As greves do ABC, as mobilizações estudantis, a luta no campo, a resistência de setores da intelectualidade, a luta pela anistia dos perseguidos e presos pela ditadura e pela punição dos criminosos, a luta enfim pelo fim da ditadura, este foi o caldo que deu origem ao PT. O que, naquele momento representava um passo gigantesco da classe trabalhadora brasileira de ter sua representação política independente. Em 10 de fevereiro de 1980, no colégio Sion, em São Paulo, com mais de 500 mil adesões à sua criação, era fundado o nosso partido. Nosso, da nossa classe!
Assim nasceu o PT. Como um partido dos trabalhadores, sem patrões –um bom combate que levamos à época. Assim cresceu o PT, ligado às lutas, cuja construção foi um fator decisivo para a derrota da ditadura e o surgimento de um novo sindicalismo com a construção da Central Única dos Trabalhadores em 1983.
Muita água rolou por debaixo da ponte. Fomos vitoriosos e a ditadura militar caiu em 1985. Fomos vitoriosos, principalmente, porque o PT não entrou no canto da sereia do Colégio Eleitoral, depois de derrotada a emenda Dante de Oliveira pelas Diretas Já, movimento que o PT teve um papel essencial. Fomos coerentes e fiéis aos nossos compromissos de fundação, quando não votamos a favor da Constituição de 1988, um acerto entre os que queriam bloquear o avanço das conquistas das camadas oprimidas, um arreglo com as Forças Armadas, ao manter o artigo 142, da tutela militar.
Como bem sintetizou Lula, em seu discurso na votação da Constituição de 1988, em nome da bancada do PT “Ainda não foi desta vez que a classe trabalhadora pôde ter uma Constituição efetivamente voltada para os seus interesses. Ainda não foi desta vez que a sociedade brasileira, a maioria dos marginalizados, vai ter uma Constituição em seu benefício”.
Nestas águas que rolaram houve um processo de adaptação do nosso partido às instituições que preservam os interesses das classes dominantes. Mas desta vez, a hora da classe trabalhadora tem que chegar. 43 anos depois, com toda perseguição e ataques que o PT e Lula sofreram, com a força do povo voltamos à Presidência da República. E isso porque o PT é o único partido com o qual a maioria das camadas oprimidas segue se identificando.
Que o governo Lula, que ora se inicia, faça chegar a vez de uma política “efetivamente voltada aos seus interesses”. E para ajudar neste combate o Diálogo e Ação Petista, dá os parabéns aos 43 anos do nosso partido, se propondo a “agir como o PT agia”. Viva o PT, viva a luta da classe trabalhadora!
Misa Boito