Hong Kong: maior greve geral desde 1967

É a primeira greve geral em Hong Kong desde que a região foi de­volvida ao território chinês em 1997 (como região administrativa espe­cial), mas também desde décadas antes, quando foi colônia britânica.

A greve resulta da recusa da chefe do executivo, Carrie Lam, apoiada por Pequim, de retirar o projeto de lei – apenas suspenso – que permite a extradição de refugiados para China continental e pela recusa de constituir uma comissão de inquérito sobre a violência policial nas manifestações que se sucedem há dois meses, bem como o estabelecimento do sufrágio universal para a eleição dos dirigentes de Hong Kong. São as “cinco deman­das” que mobilizam a população de Hong Kong que se coloca na verdade contra o governo de Pequim.

Dois dias antes da greve geral, centenas de milhares de manifes­tantes haviam percorrido a cidade de Hong Kong.

O desenvolvimento da greve
Desde a manhã, no aeroporto de Hong Kong, multiplicavam-se os can­celamentos de voo, que chegaram a 250 no final do dia. Ao mesmo tempo, sete linhas do metrô (MTR) estavam em greve ou bloqueadas por jovens, trabalhadores ou estudantes.

Os empregados dos setores público e bancário se juntaram aos trabalha­dores da construção e do comércio varejista enquanto pelo menos 95 sindicatos locais da HKCTU chama­ram seus filiados a aderir à greve geral e, segundo a presidente da Confede­ração, Carol Ng, 14 mil engenheiros atenderam ao apelo.

À tarde, milhares de grevistas e estudantes se concentraram em sete locais antes de se espalhar por Hong Kong para bloquear as principais ar­térias de trânsito na maioria de suas principais regiões.

No fim do dia, os organizadores anunciaram cinquenta mil participan­tes nessas ações.
Em vários locais de manifestações a polícia de choque usou gás lacrimo­gênio. Em coletiva de imprensa na tarde do dia 5 a polícia informou que, desde 9 de junho, foram efetuados mil disparos de gás lacrimogênio, atiradas 160 balas de borracha, 160 granadas­-esponja e 502 pessoas foram presas.

Mesmo assim, no fim do dia, os organizadores anunciaram 150.000 participantes nas ações realizadas à tarde, no quadro da greve geral.

O governo chinês reagiu à greve afirmando que “não são mais manifes­tações normais, mas violações radicais da ordem pública e das leis, colocando em questão os objetivos fundamentais de ‘um país com dois sistemas’ e a dignidade nacional. A motivação é destruir e arruinar Hong Kong.”

Essas reações do governo chinês mostram o pânico da burocracia dian­te dos acontecimentos, mas sobretudo diante do que poderia acontecer na própria China.

A manifestações continuam pelo atendimento das “Cinco Reivindi­cações”.
Nos dias 6,7 e 8 de agosto, centenas de jovens protestaram exigindo a li­beração incondicional de Keith Fong, dirigente do sindicato estudantil da Universidade Batista. Keith Fong foi libertado em 8 de agosto.

No sábado, 10 de agosto centenas de mães de família e de pessoas ido­sas desfilavam na rua com seus filhos, contra a lei de extradição, em uma manifestação autorizada. E, apesar da proibição de quatro manifesta­ções no domingo, mesmo assim três foram realizadas.

Em 12 e 13 de agosto milhares de manifestantes ocuparam o aeroporto internacional de Hong Kong, cance­lando todos os voos.

Correspondente

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