É a primeira greve geral em Hong Kong desde que a região foi devolvida ao território chinês em 1997 (como região administrativa especial), mas também desde décadas antes, quando foi colônia britânica.
A greve resulta da recusa da chefe do executivo, Carrie Lam, apoiada por Pequim, de retirar o projeto de lei – apenas suspenso – que permite a extradição de refugiados para China continental e pela recusa de constituir uma comissão de inquérito sobre a violência policial nas manifestações que se sucedem há dois meses, bem como o estabelecimento do sufrágio universal para a eleição dos dirigentes de Hong Kong. São as “cinco demandas” que mobilizam a população de Hong Kong que se coloca na verdade contra o governo de Pequim.
Dois dias antes da greve geral, centenas de milhares de manifestantes haviam percorrido a cidade de Hong Kong.
O desenvolvimento da greve
Desde a manhã, no aeroporto de Hong Kong, multiplicavam-se os cancelamentos de voo, que chegaram a 250 no final do dia. Ao mesmo tempo, sete linhas do metrô (MTR) estavam em greve ou bloqueadas por jovens, trabalhadores ou estudantes.
Os empregados dos setores público e bancário se juntaram aos trabalhadores da construção e do comércio varejista enquanto pelo menos 95 sindicatos locais da HKCTU chamaram seus filiados a aderir à greve geral e, segundo a presidente da Confederação, Carol Ng, 14 mil engenheiros atenderam ao apelo.
À tarde, milhares de grevistas e estudantes se concentraram em sete locais antes de se espalhar por Hong Kong para bloquear as principais artérias de trânsito na maioria de suas principais regiões.
No fim do dia, os organizadores anunciaram cinquenta mil participantes nessas ações.
Em vários locais de manifestações a polícia de choque usou gás lacrimogênio. Em coletiva de imprensa na tarde do dia 5 a polícia informou que, desde 9 de junho, foram efetuados mil disparos de gás lacrimogênio, atiradas 160 balas de borracha, 160 granadas-esponja e 502 pessoas foram presas.
Mesmo assim, no fim do dia, os organizadores anunciaram 150.000 participantes nas ações realizadas à tarde, no quadro da greve geral.
O governo chinês reagiu à greve afirmando que “não são mais manifestações normais, mas violações radicais da ordem pública e das leis, colocando em questão os objetivos fundamentais de ‘um país com dois sistemas’ e a dignidade nacional. A motivação é destruir e arruinar Hong Kong.”
Essas reações do governo chinês mostram o pânico da burocracia diante dos acontecimentos, mas sobretudo diante do que poderia acontecer na própria China.
A manifestações continuam pelo atendimento das “Cinco Reivindicações”.
Nos dias 6,7 e 8 de agosto, centenas de jovens protestaram exigindo a liberação incondicional de Keith Fong, dirigente do sindicato estudantil da Universidade Batista. Keith Fong foi libertado em 8 de agosto.
No sábado, 10 de agosto centenas de mães de família e de pessoas idosas desfilavam na rua com seus filhos, contra a lei de extradição, em uma manifestação autorizada. E, apesar da proibição de quatro manifestações no domingo, mesmo assim três foram realizadas.
Em 12 e 13 de agosto milhares de manifestantes ocuparam o aeroporto internacional de Hong Kong, cancelando todos os voos.
Correspondente