Em janeiro, numa Sexta-feira (24/01), centenas de milhares de iraquianos se manifestaram nas ruas de Bagdá ao chamado do dirigente xiita Moqtada Al-Sadr, contra a presença militar dos EUA no Iraque. Embora retomando uma reivindicação essencial, esta manifestação foi sentida por muitos daqueles que se manifestam contra o sistema desde o primeiro de outubro de 2019, como uma operação de união nacional.
Em suas reivindicações, os revolucionários iraquianos exigem o fim da partição do Iraque e do regime comunitário e confessional imposto pela ocupação estadunidense, e que os dirigentes corrompidos “saiam todos”.
Para muitos, o fato de tal marcha ser chamada por Al-Sadr era, no entanto, a garantia de não sofrer a repressão habitual. Após o sucesso da manifestação de 24 de janeiro, Al-Sadr, chefe da principal organização xiita iraquiana, peça central do sistema comunitário mafioso rejeitado, suspendeu imediatamente todo o apoio às manifestações previstas para o dia seguinte contra o regime em vigor, alegando que os manifestantes antissistema o haviam ofendido e deixando os mesmos sozinhos frente à repressão militar, que foi particularmente violenta. Depois dessa medida, Al-Sadr novamente chamou uma manifestação para o dia seguinte.
Repressão brutal não impõe recuo
No Iraque, essa operação é vista por muitos como um desejo de recuperar o controle sobre o movimento antissistema, amplamente composto de jovens xiitas que escapam ao controle das organizações religiosas e comunitárias. Depois das manifestações do fim de semana, um foguete foi lançado sobre a embaixada Americana, abrindo a perspectiva de represálias por parte dos EUA que, imediatamente, acusaram as milícias apoiadas pelo Irã.
No dia 26, as forças de repressão tentaram isolar os locais de manifestação para intimidar e brutalizar os manifestantes. Todas as instalações (tendas, barracas) construídas pelos manifestantes foram desmontadas ou queimadas. Os manifestantes, procurando reconstruir suas instalações, novamente afirmaram que nada os fará recuar da sua luta.
Desde primeiro de outubro, seiscentos iraquianos foram mortos pelas forças armadas, dos quais doze neste fim de semana, e dezenas de milhares foram feridos ou presos.