Israel, manifestações não cessam

No último dia 8 as ruas de Tel Aviv, mais uma vez, foram tomadas por milhares de manifestantes. Manifestações e uma greve geral fizeram o governo recuar (suspender) sua pretendida reforma da Justiça. Abaixo uma análise da situação do país publicada no jornal francês Informações Operárias (edição de 6 abril).

A fratura da sociedade israelense não para de se acentuar
A amplitude e a continuidade das manifestações no Estado de Israel contra a reforma da Corte de Justiça, além das massivas críticas das comunidades judaicas estadunidenses, assim como a advertência explícita de Joe Biden, inquietando-se sobre o rumo de suas escolhas, forçaram Benyamin Netanyahu a recuar. Nesse momento, trata-se apenas de uma suspensão. Ao mesmo tempo, para dar uma garantia aos ministros abertamente racistas e os convencerem sobre a ampla expulsão dos palestinos da Palestina, Netanyahu anuncia a criação de uma nova guarda nacional. Essa será colocada diretamente sob o comando de Itamar Ben Gvir, ministro qualificado como nazista pelos opositores israelenses. Para muitos destes últimos, está claro que essa nova força armada não estará apenas encarregada de reprimir os palestinos…

A fratura profunda que divide a sociedade israelense, e que não para de se acentuar desde a eleição de Netanyahu, tem repercussões consideráveis no conjunto das “comunidades judaicas” do mundo inteiro, e a diferenciação dos opositores a Netanyahu em dois campos, certamente desiguais, aumentou. Uma fração da oposição a Netanyahu, em particular ligada ao aparelho militar trabalhista – dirigido por antigos primeiros-ministros, como Yair Lapid e Naftali Bennett –, recusou-se a incluir a questão palestina nas reivindicações. Porém, o elemento mais significativo no plano democrático em torno dessas manifestações é mesmo a tomada em consideração da questão palestina.

No dia 31 de março, um texto publicado na França pelo jornal Le Monde, assinado em especial pelo escritor Shlomo Sand (autor do livro Como o povo judaico foi inventado) e pelo médico Rony Brauman, reflete essa evolução e reafirma sua necessidade. Denunciando os crimes de ocupação, a impunidade dos colonos, “o crime de apartheid”, eles escrevem que “esse conjunto de dispositivos que participa para negar, diariamente, os direitos dos palestinos esteve presente e legitimado tanto pelos governos de esquerda quanto de direita, e validados pela Corte Suprema de Israel, desde a fundação do Estado”. Eles concluem afirmando sua “convicção profunda (…) de que o destino dos israelenses judaicos e dos palestinos deve ser pensado conjuntamente, já que a fórmula do ‘Estado judaico e democrático’ nunca foi mais do que um Estado democrático para os judeus e um Estado judaico para os árabes”.

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