POI reúne duas mil pessoas em Paris

Foi um grande sucesso a Assembleia do Partido Operário Independe (POI), realizada no domingo, 26 de março, no Espaço Charenton, ao sul da capital francesa, apenas três dias depois de mais uma gigantesca Jornada de Luta (9ª) contra a reforma da previdência.

Durante toda a manhã militantes e convidados se revezaram na tribuna esquadrinhando a explosiva situação francesa sob o pano de fundo da crise decorrente da guerra na Europa.

Quando esta assembleia foi convocada “jamais poderíamos imaginar que ela se realizaria em meio à mais importante luta de classes das últimas décadas, que coloca para os trabalhadores – não apenas da França – a questão do poder, das instituições”, disse Pierre Compain (POI).

Ophélie Sauger, do POI e deputada suplente, denunciou a “economia de guerra” imposta por Macron que pretende elevar o orçamento militar dos atuais 54 para 413 bilhões de euros até 2030 e acelera a construção de armamentos na França. “Se são fabricados é para serem vendidos e utilizados, para isso serve a guerra”.

Para Mélinda Sauger – do POI e do Conselho Político da França Insubmissa (FI) – “chama a atenção, nos atos, a quantidade de cartazes de rejeição a Macron e que associam a 5ª República à monarquia absolutista. Como acabar com essas instituições?”

“Os jovens lutam contra a reforma, mas também contra a discriminação e a precarização. Não vamos ceder diante da repressão”, afirmou Youssef Ben-Saïd, da juventude do POI.

“Tenho orgulho de ser militante do POI e tenho orgulho de ser deputado FI”, declarou Jérôme Legavre. “Eu e meus companheiros deputados FI não fizemos o jogo dessas instituições”. Numa conversa com a prefeita de uma região próxima a Paris ela relatou que há setores de sua população que sofrem de insegurança alimentar. “Isso é a economia de guerra da qual fala Macron o tempo todo (…) Sua estratégia é provocar tensões, desagregação, caos, para tentar aparecer como o defensor da ordem (…) A saída virá da mobilização dos trabalhadores e do povo”.

Jean-Luc Melenchon, principal dirigente da França Insubmissa, destacou “nossa grande responsabilidade” diante “das maiores manifestações de massa desde a greve geral de 1968. E nós dispomos de uma bancada parlamentar que lidera a luta pela ruptura com o capitalismo e o neoliberalismo, porque só assim a unidade é possível; não há unidade sem essa ruptura.” Além de saudar o engajamento do POI ele responsabilizou duramente Macron pela selvagem repressão que se abate sobre as manifestações contra a reforma e chamou os policiais a recusarem ordens injustas ou contrárias à moral.

A militante grega Litsa Frydas, da Nova Corrente de Esquerda pela Liberação Comunista (NAR) lembrou as reformas da previdência impostas em seu país que elevaram a idade mínima de 62 para 65 e depois para 67 anos e denunciou que as despesas da guerra retiram verbas das políticas sociais.

Sevim Dagdelen, deputada alemã do partido Die Linke, defendeu o lançamento de “uma iniciativa europeia contra a guerra” descrevendo o crescimento dos movimentos pela paz ocorridos na Alemanha ao mesmo tempo que dirigentes da social-democracia, dos verdes e do seu próprio partido adotam uma posição belicista.

Também por videoconferência, intervieram o sindicalista portuário de Gênova (Itália), José Nivoi, e o deputado espanhol Jordi Salvador Duch falando principalmente contra a guerra e a Otan.

Uma confraternização no fim da Assembleia, anunciada pelo tesoureiro do POI, Adrien Duquenoy, prolongou o clima de livre debate entre militantes de diferentes sensibilidades políticas que é uma das características do POI.

Correspondente

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