Vale perguntar. Para contrapor a conivência de uns, em especial as instituições, com ilusões de outros, que se orientam por eliminar o governo numa disputa nas urnas em 2022, com a realidade nua crua de para aonde caminhamos a cada dia que Bolsonaro segue no governo.
Para os que achavam que ele seria domesticável, chegando a propor reunião dos três poderes para isso, como fez o presidente do Supremo Tribunal Federal, Fux, a cada dia, ao vivo e a cores, Bolsonaro dá uma banana. A última foi a live da quinta-feira, dia 29, transmitida pela televisão estatal. Sobre a fraude eleitoral, na sua cruzada pelo voto impresso, Bolsonaro deu, digamos assim, uma de Dallagnol contra Lula “não tenho provas, mas tenho convicção”. O Judiciário aceitou a convicção e Lula foi preso e eliminado das eleições em 2018. Aliás, a live foi montada com um coronel da reserva. No caso de Lula, um tuite do general Villas Boas foi suficiente para o Judiciário bater continência à tutela militar. Pode-se esperar que esta instituição vai reagir?
Em 2016, a mesma maioria reacionária do Congresso Nacional, capitaneada pelo Centrão, que forjou crime onde não havia para dar o golpe na presidente Dilma, agora sob comando de Lira não vê motivos para avaliar os mais de 100 pedidos de impeachment contra o meliante que a cada dia é pego em flagrante. Pode-se esperar que daí vai vir alguma reação contra a desgraça que se abate sobre o povo a cada dia que Bolsonaro segue no governo, e esperar outubro de 2022 dando-lhe mais pólvora para “botar fogo no circo”?
Flashes da vida real.
Nos açougues filas de trabalhadores e trabalhadoras se formam para conseguir um osso para a sopa, já que a carne está proibitiva.
A inflação, em particular nos preços dos alimentos, chega a patamares que atingem em cheio as famílias de baixa renda.
Em 2021 72% dos trabalhadores ainda com empregos tiveram reajustes salariais abaixo da inflação.
E o salário mínimo – como dizia Chico Anísio, “deste tamanhinho” – em 2022 terá um reajuste que será de metade da inflação.
No campo, segundo a Comissão Pastoral da Terra a violência registra os maiores números dos últimos 35 anos. O governo esmaga a agricultura familiar, responsável por 70% dos alimentos das mesas dos brasileiros e a fome volta com tudo.
O apagão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) joga luz à destruição da ciência e pesquisa promovida pelo governo negacionista.
O incêndio da Cinemateca em São Paulo é um triste clarão sobre a destruição da cultura promovida por este governo obscurantista.
Várias capitais suspenderam a vacinação contra a Covid-19 por falta de vacinas, em função da política, mais que inoperante, criminosa de Bolsonaro e seus generais corruptos. Da testagem em massa, até aqui negada, nem se fala mais!
Esta lista tenebrosa para o povo, até outubro de 2022, será mais e mais ampliada a cada dia que Bolsonaro, seus generais e seu Centrão, permanecerem com as rédeas na mão.
Vem daí que a situação inaugurada no 1º de maio e que ganhou força no dia 29 de maio, com as primeiras mobilizações de rua por Fora Bolsonaro indicam o caminho que deve ser trilhado e aprofundado, com a as formas de luta próprias da classe trabalhadora e com a juventude. Para construir a força que seja capaz de dar a resposta que a pergunta coloca: para o povo, que não pode contar com as instituições que compõem a tragédia a que chegamos: Não! Isso não pode continuar até 2022!