Itália vai ao caos: sistema de saúde falido e onda de greves

Quinta-feira, 12 de março e sexta 13 de março, greves espontâneas estouraram em todos os lugares nas grandes empresas da Itália. Os trabalhadores entraram em greve no dia seguinte ao anúncio do primeiro-ministro, Giuseppe Conte, de um confinamento da população e do fechamento de todo o comércio (exceto alimentação e farmácias). Pois os empregadores, desprezando a segurança dos seus assalariados, mantinham as empresas abertas sem dar nenhuma proteção sanitária aos trabalhadores.

Para a Confindústria, órgão do patronato, o que conta é o lucro, não a saúde! Os trabalhadores sabem qual é a situação do sistema de saúde pública italiano. Em vinte anos, houve cortes de 37 bilhões de euros na saúde e 40 mil leitos desativados. Uma petição coletou em poucas horas 88 mil assinaturas pela reabertura do grande hospital de Roma, Forlanini, fechado há cinco anos por Matteo Renzi, na época chefe do governo dito de “esquerda” do Partido Democrático.

Hoje, o afluxo de doentes que não podem ser tratados por falta de máquinas de respiração, de leitos, de pessoal, leva a uma triagem de doentes baseada na expectativa de vida! Uma enfermeira relatou à imprensa italiana o que ela viu e mencionou esse novo conceito de doentes chegando com uma nota NCR.

NCR significa “não candidato à reanimação”. Como se fossem os próprios doentes com mais de 60 anos que escolhessem não viver mais!

Onda de greves
No dia seguinte ao decreto de urgência de 11 de março, confinando a população, e da decisão do patronato de continuar como se nada estivesse acontecido, greves espontâneas eclodiram em muitas fábricas: da Eletrolux de Susegana às siderúrgicas de Terni passando pela DKN, IKK, Dierre, Trivium, na Corneliani de Mântua, Whirlpool de Cassineta e na Fincantieri de Miggiano… (lista publicada no site do Contropiano).

Um artigo online do jornal francês Les Échos, datado de 14 de março indica: “Os problemas de segurança sanitária geram uma polêmica e levaram a muitas greves nesses últimos dias no país. Elas estouraram em Bréscia e Mântua, nas regiões mais atingidas pela epidemia, mas também na Campânia ou na Apúlia, por enquanto relativamente poupadas.

Os sindicatos denunciam a ausência de respeito às regras mais básicas de higiene, de distância segura e de distribuição de material de proteção nas fábricas, o que coloca a saúde dos trabalhadores em perigo. As greves afetam praticamente todos os setores dos locais de produção”.

Alguns operários já contraíram o coronavírus e o respeito do metro de distância é geralmente ilusório.

Uma enfermeira de Milão testemunha: “Durante a noite entre quarta e quinta-feira, éramos 3 enfermeiras para 15 pacientes com grande necessidade de assistência. Em uma situação normal, há uma enfermeira para 2, no máximo 3 pacientes. Depois de uma noite louca, o alarme disparou porque não havia mais oxigênio. Cada um de nós pensou em quem salvaria se ficássemos sem oxigênio… então vimos a luz voltar ao verde. Nós sorrimos”.

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