Jeremy Corbyn: “porque eu me oponho à vacinação obrigatória, passaporte covid e às Big Pharma”

Jeremy Corbin sobre o passe vacina: “atingiremos muito mais gente por persuasão que por obrigação”

Traduzimos e transcrevemos uma declaração de Jeremy Corbyn, ex líder do Labour Party no Reino Unido, publicada pelo canal Double Down News no dia 18 de janeiro deste ano. Nela, Corbyn explica seu voto contra a vacinação obrigatória dos trabalhadores da saúde pública e o passaporte covid. Confira abaixo.


“Boris Johnson (Primeiro Ministro do Reino Unido, conservador, NdT) diz que é um libertário e quando as restrições da Covid começaram a ser debatidas eu perguntei a ele: “você vai mesmo levar isso adiante? Quanto tempo isso vai durar?”

Ele disse: “você pode confiar em mim, sou um libertário.”

Bem, ele parece estar enterrando um pouco o libertário neste momento.

Eu votei contra a vacinação compulsória dos trabalhadores do NHS (Sistema Nacional de Saúde Pública, NdT) e o passaporte da Covid.

Minha preocupação é que isso nos leve na direção de cartões de identificação e identificação formal das pessoas para qualquer coisa que queiram fazer. Essa é a direção que isso leva. E estranhamente os “Tories” (membros do Partido Conservador, NdT) estão propondo identificação compulsória quando você for votar e isso nos leva na direção de um banco de dados massivo contendo toda nossa informação.

E em relação à questão dos trabalhadores do NHS serem obrigados a estarem vacinados, há 65 mil trabalhadores não vacinados, que se submetem a testes e que trabalham no sistema de saúde. Eu não acho que seja uma boa ideia perder este número de trabalhadores agora, quando o NHS está sob uma enorme pressão, não só por causa da Covid mas também por causa de todos os outros problemas de saúde que as pessoas têm, particularmente no período do inverno.

Além disso eu acho que alguma coisa não está certa em relação a ideia de que você deve ser vacinado compulsoriamente. Outros países estão fazendo isso. Há uma forte oposição a isso, o que acaba criando “mártires”.

A Áustria foi nessa direção da vacinação compulsória para toda a população, assim como a Grécia (com pagamento de multas para não vacinados). Nós realmente queremos começar a multar pessoas ou colocá-las na cadeia porque as pessoas tem preocupações em relação à vacinação?

Eu particularmente não compartilho dessas preocupações, mas essa não é a questão. A questão é que há pessoas com essa preocupação. Você atingirá muito mais gente por persuasão e inclusão do que por obrigação.

Se nos obrigarmos a tudo, acabamos com um governo avassalador. Adicione o projeto de lei da polícia e o projeto de fronteiras e nacionalidade à agenda do que o governo está fazendo e você começará a ver um estado central muito controlador na vida das pessoas.

Isso me preocupa. Mas isso não me faz um “antivaxx”. Isso não me faz alguém que é um pessimista nessa questão. Eu reconheço os perigos dos problemas de saúde, os perigos que a Covid e outras doenças trazem. Mas nós temos que tomar uma decisão baseada nas liberdades civis também e foi isso o que fiz. Eu não sou anti vacina mas eu acho que a ideia de que tudo seja uma escolha binária não é um jeito sensato de discutir essa questão.

As redes sociais podem ser um ambiente envenenado. Isso é exatamente o que está acontecendo nessa questão. Se as redes sociais tem o seu lugar e os seus usos na disseminação de informação, eu considero importante lembrar que há uma discussão racional e um debate a serem feitos aqui. Você não precisa condenar todo mundo. Quando eu estava num protesto a favor dos trabalhadores do NHS recentemente organizado pelo “Unite”, o sindicato da categoria, nós fomos atacados por algumas pessoas antivaxx com gritos e xingamentos, e eu, muito educadamente disse a eles que estavam gritando com trabalhadores do NHS que eles mesmos poderiam precisar se em algum momento eles tivessem outra doença ou sofressem um acidente. Precisamos ter algum respeito por essas pessoas que dão a vida pelo nossos sistema nacional de saúde.

Você está vacinado, você não está vacinado. Você está fazendo isso, você não está fazendo isso. Não. Nós precisamos unir as pessoas ao redor das questões fundamentais que existem. O direito ao acesso a uma boa saúde, o direito para nossas crianças receberem uma boa educação. O nosso direito de viver e andar de forma segura nas ruas. E o direito de receber apoio quando precisarmos na sociedade. Se nós não temos essas questões, então nós acabamos com uma sociedade profundamente dividida, desagradável e gananciosa.

A crise da Covid expôs os lucros que são realizados pela Big Pharma. As vacinas que foram desenvolvidas até aqui foram todas desenvolvidas graças ao financiamento público e a participação pública nelas. As patentes, no entanto, pertencem todas às companhias farmacêuticas, que se recusaram a libera-las, se recusaram a dividi-las, e se recusaram a permitir que outros países desenvolvessem vacinas.

Eu acho que é hora de desafiarmos o poder das Big Pharma. Por isso que nas ultimas eleições gerais eu especificamente inclui no meu (Labour Party) manifesto o compromisso de desenvolver nossa própria fábrica de medicamentos genéricos, uma empresa de propriedade pública, que poderia prover o NHS de remédios a preço de custo ao invés de fazer isso dando lucros massivos às Big Pharma.

Pesquisas médicas devem ser baseadas nas necessidades do povo, ao invés de baseadas nos lucros potenciais da Industria farmacêutica.

No momento o povo britânico pode tomar uma terceira dose de vacina se quiser, mas há alguns países no mundo que não conseguiram oferecer a primeira vacina, seja ela qual for. Os governos não podem pagar ou importar e a OMS não tem suprimentos suficientes providos pela industria farmacêutica. Nós temos que acabar com esse controle exercido com punho de ferro pela indústria farmacêutica nos suprimentos médicos por todo o mundo. O governo sulafricano lutou uma luta dura para conseguir drogas antivirais a preços de genéricos para ajudar a conter a pandemia de AIDS que eles sofriam. Eles acabaram vencendo em algum momento. É possível vencer a luta contra as Big Pharma. Mas se continuarmos com a ideia de acordos comerciais que deem poder às companhias para levar governos à justiça pelas decisões políticas que eles tomam, então na verdade o que estamos fazendo é desistir de ter um governo nacional e dizendo que o mundo é governado por um certo número de grande corporações.

Está na hora de desafiarmos isso!”

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