Paulo Guedes, banqueiro ministro de Bolsonaro, anunciou a nomeação para a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de Joaquim Levy, que estava no Banco Mundial, em Washington.
Levy comporá a equipe de banqueiros e economistas ultraliberais que se acoitou entre as botas dos generais que acantonaram no Planalto.
Seu plano é um “ajuste” brutal: reformar a previdência, privatizar estatais e cortar despesas sociais exigido pelo congelamento dos gastos decidido no governo Temer, para garantir os juros da dívida. Plano parecido ao “ajuste” que Levy começou, em grau menor, ao sair do Bradesco para ser ministro da Fazenda de Dilma.
“Abaixo o Plano Levy”
Essa era a manchete de O Trabalho (05/03/2015), em apoio ao ato da CUT e outros movimentos contra as Medidas Provisórias 664 e 665 de redução de direitos trabalhistas.
Naqueles dias, os coxinhas começavam seus atos contra Dilma. O editorial alertou: “Enquanto é tempo, é hora de Dilma livrar-se desse infeliz plano Levy que retira dinheiro dos serviços públicos e direitos dos trabalhadores, como as MPs 664 e 665, para engordar os banqueiros através do superávit fiscal primário. Os derrotados nas urnas, até revigorados, agem para desestabilizar o governo reeleito e impor o programa rejeitado pela maioria.”
A Executiva Nacional do PT (26/2/2015) não quis ouvir e votou por maioria o apoio às MPs do governo. O descontentamento cresceu. Algumas semanas depois, O Trabalho estampava na capa Fora Levy. O 5o Congresso do PT em Salvador (junho), rejeitou por maioria o mesmo pedido formulado pelos sindicalistas da CUT.
Em 30 de setembro, Lula voltou após muitos anos a uma reunião da Executiva que discutiu a reforma ministerial que deu espaço ao PMDB para estabilizar Dilma. Novamente Levy foi poupado, apesar do enorme desgaste. “Daqui a pouco, nem demitir Levy resolve mais”, advertiu Markus Sokol.
Foi preciso esperar o Congresso da CUT (outubro) pedir a saída de Levy, que só aconteceu em 18 de dezembro. Foi a Washington, donde volta para se juntar aos coleguinhas. Estranho foi passar um ano no governo do PT – o estrago estava feito.
João Alfredo Luna