Jornalistas avançam unidade contra patrões

Os jornalistas dos principais veículos de comunicação do país avançaram em sua unidade para enfrentar a intransigência patronal, que busca arrochar os salários da categoria.

As mobilizações têm unido jornalistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília que trabalham para os jornais “Folha de S.Paulo”, “O Estado de S. Paulo” e as Organizações Globo.

Esse confronto ocorre num cenário geral em que o controle de mercado de comunicação no país passa gradativamente para as mãos das grandes plataformas – Google, Facebook –, multinacionais dos EUA que atuam sem regulamentação no Brasil e que se apropriam sem custos do trabalho jornalístico, dinamitando as bases das empresas brasileiras de comunicação. Os patrões assistem inertes a essa ofensiva. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) elaborou uma proposta de lei para taxar as plataformas e fomentar um fundo de sustentação do jornalismo no Brasil. A resposta dos patrões, entretanto, é jogar o peso da crise nas costas de quem trabalha.

Em 2021, os jornalistas de veículos impressos da capital paulista fizeram seis meses de campanha salarial até que, com uma paralisação de duas horas em novembro, conseguiram dobrar o patronato e corrigir os salários pela inflação de 8,9% (mesmo sem obter o retroativo integral à data-base). A campanha era de São Paulo, mas o movimento envolveu os jornalistas das sucursais do Rio e Brasília.

Sindicatos se articulam
Em 2022, esta unidade avançou. Em rádio e TV, os jornalistas de SP entraram em campanha em 1º de dezembro de 2021 e os jornalistas do Rio em 1° de fevereiro, mas nos dois casos a patronal ofereceu cerca de metade da inflação.

Frente ao impasse, os sindicatos de São Paulo e Município do Rio, passaram a se articular e realizar atividades simultâneas. Um momento histórico foi a realização de assembleia unificada, no início de junho, com a participação de mais de 200 jornalistas das duas bases. Afirmou-se por unanimidade a exigência de correção integral dos salários, bem como a realização de reuniões presenciais nas portas das empresas nas semanas seguintes.

No segmento dos jornais e revistas do Rio, uma enorme assembleia virtual realizada em março teve um convite especial para que o presidente do Sindicato de São Paulo, Thiago Tanji, explicasse em detalhes a organização da paralisação realizada em 2021 pelos jornalistas paulistas. Com base nisso, organizou-se um movimento que, até o momento, já produziu três paralisações com ampla adesão – com as redações em trabalho presencial –, a primeira de duas horas, e as duas seguintes de quatro horas.

Os jornalistas saíram das redações e fizeram passeatas pelo centro do Rio. Para a categoria, coloca-se a discussão da greve para dobrar o patronato.

Agora, os jornalistas de jornais e revistas de São Paulo iniciam novas campanhas salariais, com a inflação batendo em 11,9%. Criam-se as condições para uma unificação das campanhas dos jornalistas contra a intransigência patronal.

Paulo Zocchi

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