Juventude não vê futuro diante da situação

O recém-lançado Atlas das Juventudes e um recente estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social demonstraram que 47% dos jovens brasileiros de 15 a 29 anos deixariam o país se pudessem, em busca de oportunidades no exterior. Segundo o estudo, a maioria desses jovens não deseja sair do país para fazer uma pós-graduação ou buscar alguma experiência, mas porque há mais de um ano procura emprego e, sem perspectivas, deseja sair do país para juntar dinheiro ou em busca de melhores empregos, estabilidade e condições de vida dignas.

Capitalismo destrói o futuro
Na crise capitalista, agravada com a pandemia, piorou uma situação que já existia. Os jovens foram os mais atingidos com o desemprego. Os dados demonstram que a taxa de desocupação neste setor saltou de 49% para 56%. Também é de 70% a proporção de jovens que relata dificuldades em encontrar emprego. Outro dado alarmante é o dos que nem estudam, nem trabalham, chamados “nem-nem”, que chegam a 27%. Aumentou também a desigualdade como demonstra índice Gini (instrumento que mede este padrão) de 3,8% na juventude, enquanto que para o resto da população chega a 2,7%.

O estudo demonstra que, entre os motivos para sair do país, os mais relatados pelos entrevistados são: a falta de perspectiva de emprego e renda nos próximos anos, a grande dificuldade de encontrar trabalho, a sensação de insegurança (sensação de aumento da violência) e a insatisfação com o governo. O estudo também publicou o aumento na quantidade de pedidos de vistos profissionais para cientistas e executivos. A chamada “evasão de cérebros” acontece em um momento de aumento do “bônus demográfico” do país, ou seja, no momento em que o país atinge o maior número de pessoas em idade ativa. O bônus demográfico poderia ser aproveitado para alavancar um crescimento econômico. São milhões de jovens em idade de trabalhar, que querem entrar no mercado de trabalho, e no entanto não encontram oportunidades.

Indignação é maior que o medo
Não por acaso, amplos setores da juventude tiveram presença expressiva nos últimos atos contra Bolsonaro. Com dificuldades para estudar durante a pandemia, aumento do desemprego e da violência policial, sobretudo contra os jovens negros, e a falta de perspectiva de futuro, milhares foram às ruas em busca de uma saída frente à crise. Situação que não é diferente em outros países, como no Chile, Colômbia e Peru, onde jovens estiveram na linha de frente de revoltas que explodiram.

Na recente jornada de atos no Brasil os cartazes pediam auxílio, emprego e vacina. No DF, no ato de 3 de julho, uma jovem segurava um cartaz que dizia: “Minha indignação é maior que meu medo”. Em Joinville/SC, no último dia 6, durante a visita de Bolsonaro à cidade, jovens seguravam cartazes dizendo: “Cemitérios cheios, geladeiras vazias. Fora Genocida!”. Apesar da situação difícil, a energia da juventude brasileira foi às ruas para dizer que não aguenta mais esse governo e que não vão esperar de braços cruzados. As ruas devem seguir cheias deles querendo tomar seu futuro de volta!

Kris

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