Juventude Revolução realiza encontro e discute a luta contra o golpe

“Querem guilhotinar nossas conquistas”

O 14º Encontro Nacional da Juventude Revolução (ENJR) ocorreu de 22 a 24 de julho em São Paulo, com delegados de 10 estados. Nesta entrevista, Lúcia Dal Corso, dirigente do CA de Letras da Universidade Federal de Santa Catarina, eleita para o Conselho Nacional da Juventude Revolução, fala sobre o encontro.

O Trabalho – Quais foram as principais decisões do encontro?

Lúcia Dal Corso – O encontro ocorreu num momento político muito agudo, em que querem guilhotinar nossas conquistas, e cada dia de governo golpista representa anos de retrocessos em nossos direitos. Em meio a isso, no 14º ENJR decidimos acertadamente pela unidade na luta por “nenhum direito a menos! ”, como forma de reunir toda a juventude e pôr para fora o governo golpista. Em um momento difícil como este, vários caminhos começam a ser apontados, mas alguns representam falsas saídas. Por exemplo, o plebiscito pela antecipação das eleições, como propõe a direção da UNE, é uma proposta que enfraquece a luta contra o golpe. Não cairemos nessa armadilha! A saída é nos mobilizarmos, lado a lado com os trabalhadores, na mais ampla unidade para derrotar o golpe.

OT – Como enfrentar os ataques pretendidos pelos golpistas?

LC – É preciso estarmos atentos e fortes, foi o “lema” do nosso encontro. Pois, além de aprofundar ainda mais o corte de verbas, entregar o dinheiro do Pré-sal para os ricos e deixar a Educação nas mãos do DEM, o projeto de lei da Escola Sem Partido – sob a máscara da neutralidade ideológica – já é uma realidade que amordaça o ensino. Os grandes veículos da mídia golpista começam a falar em fim do ensino superior gratuito, como forma de “corrigir uma distorção social e reequilibrar as contas públicas”. Diante disso, a juventude precisa estar consciente e organizada, através de nossas entidades mobilizar o maior número de estudantes para construir a unidade contra o golpe, em cada escola. Sabemos que o golpe é não só contra os nossos direitos, mas também contra nossos instrumentos de resistência, e por isso a defesa e fortalecimento das nossas organizações e entidades se faz necessária para instrumentar nossa luta.

OT –  Hoje há uma pressão para desviar o papel das entidades estudantis para as chamadas lutas setoriais (gênero, LGBT, etc.). Como a JR enfrenta esta questão?

LC – Sabemos que para a manutenção da exploração, diversas armadilhas são implantadas nas nossas entidades e organizações. Quando se substitui a luta de classes pela setorização das reivindicações, cria-se uma dispersão na luta contra a raiz de todos os males, que é o sistema capitalista, em sua fase imperialista, que busca destruir os direitos trabalhistas, os serviços públicos, etc. Compreendemos que a luta contra as opressões é uma tarefa para a classe trabalhadora e juventude como um todo, e que toda opressão só terá fim de fato com a queda do capitalismo. Isso não significa que não devemos integrar na nossa luta reivindicações específicas da mulher, por exemplo, mas devemos compreender e combater a forma contrarrevolucionária em que são apresentadas hoje à juventude, pois não atacam o principal, que é a base material de toda opressão, além de dividir o movimento. Na JR temos clareza que a luta deve ser contra o imperialismo, pela revolução. Devemos exigir o direito à educação, ao trabalho, à integridade física e moral com a criminalização da homofobia, direito a saúde, ao aborto, à aposentadoria, e muito mais. Mas sabemos que a única forma de garantir qualquer direito para os trabalhadores e trabalhadoras, de todas as etnias, identidades e orientações sexuais, é combatendo de frente os nossos inimigos de classe.

OT –  Quais os próximos passos na luta?

LC – Na volta às aulas, os núcleos da JR em todo o Brasil devem se reunir para discutir a luta contra o governo golpista, em defesa da educação pública. A tarefa dos militantes da JR nesse mês de agosto, até a votação do impeachment, é uma intensa agitação: colagem de cartazes, panfletagem, discussões nas nossas escolas e universidades. No dia 05/08 que marca a abertura dos jogos olímpicos está convocada pela Frente Brasil Popular uma grande mobilização pelo “Fora Temer! ”, assim como também está convocada nas capitais no dia 09/08. A JR integrará essa luta!

Entrevista publicada na edição nº 791 do jornal O TRABALHO de 4 de agosto de 2016.

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