No mês de agosto, a Latam Linhas Aéreas (antiga TAM) anunciou a demissão de centenas de trabalhadores. Os postos de trabalho foram ocupados por terceirizados. Só em Guarulhos, foram 850 demissões. No Rio, mais 35.
Para Débora Cavalcanti, Secretária Geral do Sindicato dos Aeroviários de Guarullhos (SINDIGRU), com a terceirização, “perde tanto o trabalhador quanto perde o usuário, a população, e só quem ganha são os patrões. Só essa semana, quando a empresa terceirizada passou a já prestar serviços para a Latam, houve problemas com equipamentos de proteção individual, acidentes com de trabalhadores e problemas inclusive de segurança de voo.”
Ela explica que os novos trabalhadores passam a desenvolver as mesmas funções que eram exercidas pelos demitidos, mas não têm os mesmos direitos. Isso porque, como contratados da terceirizada, não fazem jus à Convenção Coletiva assinada pelo SINDIGRU, com questões como o piso salarial.
Enquanto isso, STF aprova as terceirizações
Na mesma semana os aeroviários denunciavam as demissões, ocorria o julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade da terceirização da atividade-fim das empresas. E no dia 30 de agosto, por sete votos a quatro, mais uma vez o STF se colocou ao lado dos patrões. Foi na mesma semana, inclusive, que o governo Temer ratificou o reajuste de R$ 5.500,00 para os ministros do STF! E que, no dia 31, o TSE decidiu tirar Lula da urna. Tudo muito coerente. Tudo contra os interesses do povo.
Os milhões de desempregados e trabalhadores informais foram a desculpa favorita dos ministros que votaram a favor da terceirização. O Ministro Luis Roberto Barroso foi um deles, dando a bonita declaração de que “O medo do desemprego assombra as novas gerações”. Dias depois, centenas de trabalhadores da Latam recebiam baixa na sua carteira de trabalho.
O Trabalho conversou com a Débora, do SINDIGRU, no dia 4 de setembro, primeiro dia do desligamento oficial dos trabalhadores, quando receberam documentos da demissão. Emocionada, ela afirmou: “hoje é um dia muito difícil, a gente vê as pessoas deixando o uniforme, seus sonhos, né? Claro que a gente entende que eles podem conseguir outros empregos, mas como está a situação do país, fica muito difícil até para a gente ter esperança numa agilidade dessa recolocação. ”
Priscilla Chandretti