As 919 empresas maquiladoras localizadas ao norte do México, nas cidades de Tijuana e Mexicali (perto da fronteira com os EUA), empregam cerca de 400 mil trabalhadores, na maioria com uma jornada de trabalho de dez ou mais horas, sob o pretexto de que os operários descansam nos finais de semana.
Quando começou a pandemia, não ficou claro o que ocorreria com eles – se seriam ou não fechadas as empresas.
No final de março, uma maquiladora demitiu os operários. Eles, então, iniciaram protestos e conseguiram reverter as demissões. No entanto, a empresa impôs diminuição salarial. Quando os trabalhadores exigiram o pagamento completo, o representante da empresa perguntou: “onde a lei diz isso? ”
Na semana seguinte começaram as paralisações e protestos em dezenas de maquiladoras por não proporcionarem proteção, por não enviarem os trabalhadores a suas casas.
Trabalhadores que chamaram paralisação de algumas empresas foram despedidos.
Uma das últimas empresas a encerrar suas atividades foi a Skyworks, que emprega 5.500 pessoas. Ficou funcionando, com o acordo das autoridades, até o dia 14 de abril, quando o decreto de emergência sanitária no México, decretado em 31 de março, determinava a paralisação das atividades não essenciais. As maquiladoras não cumpriram.
Com protestos, algumas empresas paralisam
Diante da negativa das empresas de cumprir com o decreto de emergência sanitária, os trabalhadores se viram obrigados a realizar protestos em mais de 30 fábricas e comércios.
Somente em Mexicali, 20 delas foram fechadas. Outras quinze continuam com sua negativa – são empresas que produzem partes de avião, insumos de papelaria, circuitos eletrônicos, entre outras atividades não essenciais. Com essa atitude, colocam em risco a vida dos trabalhadores.
A empresa Skyworks, por exemplo, que fabrica microcircuitos em Mexicali, com mais de 5.500 empregados, se negava a suspender suas atividades, apesar de haver trabalhadores com exame positivo para Covid-19. O protesto dos trabalhadores obrigou que servidores da Secretaria do Trabalho ordenassem o fechamento da planta.
Outro caso foi a maquiladora Smith Heathcare em Tijuana, que fabrica insumos medicinais, entre eles os tão necessários respiradores. A empresa se negou a vender parte de seus produtos ao governo do estado argumentando que sua produção era para os EUA e somente estavam no México para “fazer o favor de gerar empregos”.
Os trabalhadores acrescentam que essas companhias não contam com as medidas de “distância saudável” recomendadas pela Secretaria de Saúde.
Tijuana e Mexicali são as cidades com mais pessoas já testadas positivamente. Até 17 de abril, eram 538 contaminados e 65 mortes, pelo menos a metade sendo trabalhadores das maquiladoras.
Correspondente