Após a ameaça de demitir 3600 funcionários no início de setembro e do estabelecimento de mesa de negociação, a direção da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) se antecipou e chamou fornecedores para fazer estudos sobre a viabilidade da terceirização de todo o setor de logística. Reunidos em assembleia dia 27/9, os trabalhadores do setor decidiram pela paralisação de um turno em protesto. A assembleia também rejeitou a proposta de PDV (Programa de Demissão Voluntária) apresentada pela empresa de 10 salários.
Até o momento não há notícias sobre as negociações, iniciadas há quase 30 dias. Mas fica evidente que os patrões seguem empenhados no caminho das demissões e de ampliar as terceirizações. O pano de fundo é a reestruturação para a produção dos veículos elétricos. Diante disso, resta saber se o sindicato (Metalúrgicos do ABC) conseguirá organizar a luta pela defesa dos empregos, o que é urgente.
“A indústria no Brasil está acabando e, além de ter uma cadeia de produção grande, muitos setores da economia dependem dela, como comércio e serviços. O agronegócio não emprega essa multidão que vai ficar desempregada”, disse o dirigente do sindicato Aroaldo da Silva. Nisso ele tem razão. Além de ser necessária a mais ampla solidariedade à luta dos trabalhadores da Mercedes, é preciso colocar a questão para Lula: uma vez eleito, que tenha um programa de defesa e recuperação do parque industrial no país e edite uma medida de emergência para proteger os empregos.
Tiago Maciel