Publicamos abaixo trechos do editorial do jornal “El Trabajo”, edição especial de junho que prepara a Conferência nacional dos Comitês de Diálogo entre trabalhadores e jovens de 27 de junho, sobre a atual situação no país.
“No México, diante da pandemia e da aceleração da crise econômica – se fala em queda de 8% do PIB e de 12 milhões de desempregados – o governo de López Obrador tomou algumas medidas positivas, como a campanha por distância sadia, a reconstrução da Pemex, mas que são insuficientes.
Os protestos de trabalhadores da saúde por falta de insumos e condições de trabalho intoleráveis, o não cumprimento pelas “maquiladoras” (multinacionais na fronteira com os EUA, NdT) do decreto de suspensão de atividades – o que custou muitas vidas de operários -, as condições dos informais, mostram que segue a política de primeiro o capital e depois os trabalhadores.
O Banco do México colocou à disposição dos bancos privados – estrangeiros em sua maioria – 800 bilhões de pesos (200 bi de reais, NdT) que serão emprestados de acordo a critérios de rentabilidade, enquanto outros 800 bilhões saem dos cofres públicos neste ano para pagar os juros da dívida pública que o povo nem decidiu e nem dela se beneficiou.
Todos esses recursos deveriam ser utilizados para criar empregos com salários dignos, reconstruir o sistema de saúde, apoiar o sistema de educação e as universidades que estão quebradas e garantir melhores condições para o retorno às atividades.
Os empresários levantam exigências, desde uma contrarreforma da seguridade social até parcerias público-privadas que foram de alto rendimento para eles, passando pela redução dos encargos trabalhistas. E o fazem em nome do capital dos EUA, com base na entrada em vigor do novo Tratado de Livre Comércio da América do Norte.
O secretário da Educação e empresas privadas como Google, Microsoft e Televisa se apressam em converter as escolas públicas em mercado de produtos tecnológicos e a destruir a função do professor e da própria escola.
Tempos difíceis virão
Ao longo do confinamento, vimos a inação das direções sindicais, tanto do sindicalismo independente quanto do corporativo. Assim, não é de se estranhar que nos protestos dos trabalhadores da saúde eles sejam obrigados a dizer ‘aqui não temos sindicatos’.
Estamos diante do desafio de lutar por um sindicalismo democrático e independente para defender nossos empregos e salários.
Hoje, também, como demonstram as experiências vividas na Argélia, Chile e outros países, estamos diante do desafio de nos agrupar para buscar uma representação política independente que ajude o povo mexicano a continuar o movimento que esboçou em 1º de julho de 2018 (eleição de Obrador, NdT) e encarar os tempos difíceis que virão.”